sexta-feira, 31 de agosto de 2012

E a chuvada de bebés novos no grupo?? E a quantidade de carrinhos, maxicosis, fraldas e biberons que aterraram em minha casa? E aquela sensação esquisita, dasssse, que ainda ontem andava a mamar minis mornas na costa vicentina a acampar na praia com esta malta e agora é ver-nos todos responsáveis sempre atentos aos intercomunicadores e cumpridores de horários?....

estou crescida.... estamos amigos, estamos crescidos...

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Ora bem. Como puderam ver, entrei de férias e adeus mundo cá fora. Aliás, nem o telejornal passou lá por casa, nicles. Baby first e, e!
Portanto aqui vai um pequeno resumo:
1ª semana. Uma alegria. Sexta é aquela sensação maravilhosa de liberdade, de olhar para a frente e ver dias e dias só para nós. Sábado. Ora Sábado. Praia connosco logo pelas 9 da manhã. O puto está contente, juntam-se amigos com miudagem também, maneiras que foi tudo corrido a sopa com areia e sesta de baixo do chapéu. Pelas 5 saímos da praia, e combinamos churrascada em casa com uma duzia de amigos. AH FÉRIAS.... chinelo no pé, pele a arder de sal e calor, geleira cheia de minis, amigos... O puto acorda pelas 22.00 aos guinchos. Demoro mais que o normal a acalmá-lo. O jantar é interrompido de hora a hora com esta brincadeira. xalá ver a febre. nicles. xalá ver ouvidos... nicles... nicles de rien, e o miúdo naquele sufoco, aos berros, cheio de lágrimas, de hora a hora a noite inteira. Domingo é regado pela rabujice conjunta: do miúdo ainda não sabia porquê, de nós porque já nao estavamos acostumados a tanta interrupção no sono.Depois de voltas e reviravoltas, benurons no rabiosque do menino, lá descobrimos a saga... AFTAS. Vejam bem. Nunca tinha visto o miúdo naquele desespero e afinal eram aftas.
Maneiras que andei exausta até Quinta feira (basicamente a primeira semana de férias). Depois disso...

ah.....

(vinhobranco,perceves,ameijoas,minis,banhosdesol,mergulhoscomomiudo,gargalhadas,revisãodetoneladasdeamigos,almoçaradasejantaradas,novosbebésnogrupo,caipirinhas,sushiàluzdasvelas,passeios....)

ahhh......

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Uma questão de opinião... um post diferente

Quando decidimos engravidar, entramos numa fase nova da vida. Foi no momento que dissemos "vamos a isso" que tudo mudou. Porque assumimos a responsabilidade de criar vida. Uma vida que depende de nós, que começa em nós.
Fizemos planos muito antes dos dois tracinhos no teste. Mudámos rotinas. Sonhamos. E então veio o positivo. E o coração aos saltos naquele dia de Verão em que começavamos as férias, quando era ainda um segredo só nosso, tão pequenino no meu ventre e já tão soberbo no nosso coração. Começaram as idas ao médico, exames e análises. Tenho tão presente no meu coração o dia em que o vimos pela primeira vez. O meu salpico de gente, ainda apenas uma hipótese e já com o coração a bombear nos seus poucos milímetros de gente. E o queixo tremeu de emoção. E ele passou a ser real, tão real que doía.
Depois veio a fase de contar ao mundo. Festejos e parabéns no meio de enjoos e um sono absolutamente incontrolável. As roupinhas. A caminha. A casa que foi pensada na infância que queríamos que ele tivesse.
A barriga a crescer, os primeiros pontapés, os beijinhos, os projectos, a esperança. E então o mundo abriu-se debaixo de nós, num segundo apenas, naquela ecografia mais demorada com cores e relatórios que não conseguíamos decifrar. A possibilidade de algo estar mal nunca nos ocorreu. Lembro-me dessa noite como se fosse hoje, a noite após a notícia ainda vaga mas já tão sinistra. Chorei todas as lágrimas de uma vida, tive medo, tanto medo afogada nos braços do meu marido. Graças a uma pessoa especial, conseguimos a consulta de especialidade cardíaca para o dia seguinte as 6 da manhã (em vez das três semanas que teria de esperar naquela angústia). E lá fomos ressacados e doridos de uma noite de lágrimas para o consultório do médico que mudou a minha vida. Calmo e paciente, ele observou o meu pequenino e confirmou um diagnostico cardíaco. Coartação na aorta e ventrículo esquerdo muito pequeno. Melhor que o primeiro diagnóstico mas ainda assim. Aconselhou-nos a fazer a amniocentese. "Para quê?" perguntamos. E ele, calmo, explicou-nos que este género de problemas cardíacos estava relacionado com algumas trissomias, algumas das quais fatais. Perguntamos novamente: "Mas para quê? Porque preciso de fazer, vai ajudar alguma coisa com o bebé?" e ele respondeu que seria apenas um despiste, disse-nos sem dizer que, caso se confirmasse esse diagnóstico, tinhamos ainda tempo para "decidir". Decidir. Decidir o quê?...
O aborto é uma questão de opção nos dias de hoje, mas para mim nunca foi. E confirmámos, eu e o meu marido, que de facto para nós essa não seria uma opção, fosse qual fosse o diagnóstico.
Na altura continuamos a rotina de uma gravidez com o acréscimo de um problema cardíaco. Mais à frente possibilidade de eu ter contraído o "citomegalovírus". E novamente por cada médico que passava a questão a amniocentese era colocada quase como se fossemos atrasados mentais. E na ecografia seguinte mais um índice estranho, desta vez o tamanho do fémur muito abaixo do percentil normal. Na altura em que vivemos a possibilidade de um drama verdadeiro, aquilo que muitos chamam de coragem ou mesmo "irresponsabilidade" como cheguei a ouvir, é apenas uma sensação de dormência da alma, o tempo passa como óleo que escorre, lento e mole, ouvimos e vemos tudo mas parece que está tudo tão longe....
A única coisa que era real eram os pontapés do meu salpico, Salvador como decidimos depois de saber o sexo do bebé, ainda antes de sabermos que contaríamos com a sua capacidade de sobrevivência para se salvar. E era a isso que nos agarrávamos, sorrindo a cada movimento, esperando, esperando.
Depois de muitas trocas, consultas, médicos e alterações de ultima hora, passei a ser acompanhada no hospital amadora sintra (às 36 semanas) para que à nascença ele fosse transferido para o Hospital Cruz Vermelha, onde estaria uma equipa inteira à espera do Salvador para a sua primeira operação.
Optou-se pela cesariana para não submeter o meu pequenino a nenhum esforço e no dia 01 de Março, as 7 da manhã, partimos para o dia que mudou a nossa vida.
Quando ele nasceu, apesar dos sei lá quantos reforços de calmantes e morfina que levei, mais para sossegar os nervos (que explodiram nesse dia, naquela sala assustadora, rodeada por pediatras, cardiologistas, estagiários, enfermeiros, obstetra e simples curiosos com aquele caso), acordaram-me, e eu viu-o. E ele era... Perfeito. Tão perfeito que, também à conta a "overdose" de morfina caí num riso incontrolável, misturado com lágrimas, soluços, e todo o tipo de movimentos que dificultava a vida à enfermeira que me tentava coser. Tive-o apenas 3 segundos nos braços, e ganhei naquele dia mais capacidade de amar do que alguma vez julguei que fosse possível. Lembro-me também de estar no recobro, e de vir a médica obstetra de propósito ver-me, só parta me dizer como o meu filho era bonito.
No dia seguinte o Salvador foi transferido como previsto, para o HCV. Foram os 4 dias mais longos da minha vida, em que ia vendo o meu filho em filmes, sem o poder sentir, cheirar, agarrar como via todas as mães em recuperação à minha volta fazerem. Mas apesar do difícil que a distância se mostrou, a verdade é que todos os dias o diagnóstico cardíaco do salvador se mostrava uma surpresa. E no dia antes de eu ter alta, soubemos que ele não teria de ser operado.
O médico que nos acompanhou ria-se e encolhia o ombros sempre que passava pelo meu marido. E o meu Salvador revelou-se um milagre. Foi acompanhado até aos 6 meses por manter ainda a coartação na aorta e aos 6 meses teve alta. E hoje, muitos continuam a chamar-nos corajosos, tão corajosos que roça a maluqueira. E se calhar até foi. Ou talvez não...