terça-feira, 29 de outubro de 2013

Sabes uma coisa?

É tudo relativo, sabes mana? Sou uma pita, bem sei, mas tenho uma avó milenar que me ensina a arte de viver com a alma, tenho um avô aviador no céu, e tive de aprender a matar saudades sem o ver. E sei, sabendo que sou uma pita, que é tudo relativo. Que a pimenta da dor é temperada pelo tempo, que ora acrescenta, ora retira, mexe a panela que é a nossa vida com uma força hoje que amanhã será outra. O meu filho agora cozinha comigo à noite, acho que já te tinha dito. Sobe uma cadeira, e guincha de felicidade ao colocar o sal e a pimenta na carne. Depois de o fazer lambe os dedos gordos e trinca pedras de sal. Ralho com ele, mas vejo o prazer que lhe dá, a pedra temperada. Depois pede-me agua, e vai-se a fortaleza de mar na boca. Porque tudo é relativo, e a nossa vida vai sendo temperada ora com mãos gordas e inexperientes, que atiram pedregulhos de sal, ora com mãos sábias e calmas, que sabem a quantidade certa de sabor que nos dá prazer. O que hoje nos faz felizes não é necessariamente o que precisamos para amanhã. A verdade é esta. Por isso, vale-nos despejar a alma de certezas, porque sabes, a única que podemos ter seguramente, é que um dia passaremos a estrela como o meu avô. Tudo o resto é relativo, tão relativo… mas é bom sentir, engolir as lágrimas quentes, saborear-lhes o calor salgado, saber que cada uma delas significa uma coisa, e que às vezes não significa nada. E o que hoje as faz correr, não será necessariamente o que nos fará chorar amanhã. E depois há magia da tempestade que passa, do sol que volta a brilhar, e que sabe, sem duvida, tão melhor depois da queda que dói. Já te disse uma e outra vez. Tudo é relativo. O que nos move hoje, não será o que nos fará andar amanhã. Andes ou pares, chores ou rias, eu estarei aqui.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Fodaxe digo eu!

O que é que podia ser pior do que sair do dentista com o orçamento de 1000 euros para me devolverem o sorriso, com meio cranio anestesiado? Uma viagem de 45m de comboio na linha de sintra EM PÉ, uma molha do caralho para chegar ao carro, e, molhada que nem um pinto e com a sensação que metade da minha cara morreu, O CARRO NÃO PEGAR NO CABRÃO DO DIA A SEGUIR Á INSPEÇÃO!!!!

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Parece que não mas tem tudo a ver

Perguntam-me, qual a grande diferença na tua vida desde que foste mãe? Esta até parece daquelas perguntas de rasteira daqueles exames filhos da puta dos tempos de faculdade em que as que errávamos descontavam no resultado final... e sim, este é um exercício quase impossível, o de nomear a graaande diferença em mim, na minha vida, desde que me estoirou um salpico na vida. Tudo começou na gravidez, logo uma prova de fogo à minha capacidade de amar o ainda invisível. Mais que esse amor, que já vinha testando na espécie de fé que habita em mim, foi a paciência... a capacidade de esperar (quem me conhece sabe que não sou pessoa dada a espera). Depois foi o choque, eh caraças que de repente conseguir lavar os dentes sem sair de escantilhão para socorrer um choro esfaimado virou o momento áureo do dia. A falta de tempo para mim aliada ao cansaço profundo das primeiras noites de um filho (no meu caso as primeiras noites foram cerca de 360, mais uma prova aqui para a amante do sono) foi de facto um estalo na fronha. Mas depois isto do tempo é de facto relativo, e num instante de pânico passa-se a paixão, assim numa velocidade estonteante. Ai que o menino sorri, e o refego benzadeus, vontade de te morder esses pés. O cheiro, o sorriso, as primeiras palavras. A vida encaixa-se nesta nova realidade de uma forma tão natural que quando damos por nós, oh diabo, que já não sei viver sem este meu pequeno ser infernal. Toda eu me derreto, toda eu me desmancho naqueles abraços, risinhos, vozinha estridente na birra e no 'amo mi mãe' que me diz meloso. E com este amor vem uma espécie de pânico miudinho. É este um estado de espirito que acompanha lado a lado este amor soberbo e tsunamico, um pânico miudinho que o miúdo sofra, que caia, que se magoe... é estupido, bem sei, todos nós sofremos e é aliás da dor que tiramos a maior parte das grandes lições de vida. Mas uma coisa é sermos nós a sofrer. Outra são os nossos filhos.
Isto tudo para vos dizer que, depois de muito matutar na grande diferença na minha vida, e vem ela regada com o tudo o que descrevo a cima, é que ganhei um medo que nunca tive. O medo de morrer, de deixar de ver aqueles refegos virarem corpo de homem, de não lhe acompanhar o crescimento, a primeira redação, a primeira bezana, a primeira queca (aqui não é acompanhar acompanhar, mas vocês percebem o que eu quero dizer). Pior. O ele passar por tudo isso e não se lembrar de mim, a desgraçada que o pariu e o ama assim para lá de desvairadamente.
Coisa meia mórbida esta, mas que me tem acompanhado alguns pensamentos, este pânico miudinho, ai jesus se eu lhe falto, quem o amará assim de corpo, alma e coração como eu?
Maneira que estou numa fase de bullets. Dar prioridade àquilo que é importante, redefinir novos hábitos, tornar-me, caramba, numa espécie de mulher saudável.
Mi aguardem.

Aqui à beira chuva plantada

Tata divaga entre o escrever sobre trabalhar com femeas, resoluções drásticas já tomadas sem sucesso noutras alturas da vida, ou falar do tempo....

sábado, 19 de outubro de 2013

Está na hora de reveres os teus hábitos tata maria...

Estoira o quadro de eletricidade (coisa de pobre, para ligar o secador tenho de desligar o termoacumulador e por aí em diante). Na sala ouve-se uma vozinha estridente: Mau! Fodaxe!
Assim mesmo. Na hora certa. No momento oportuno. Sozinho e sem espectadores. Fo-da-xe.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Ir ou ficar... FICAR

Diariamente somos bombardeados com noticias terríveis. Já aqui falei varias vezes da minha desistência quase absoluta de acompanhar o que se passa no mundo, e no meu piqueno Portugal mais especificamente. Um país que se afunda, ou vá, para os mais optimistas, que agora parou de cair a pique e ficou nos 3000 m de profundidade. Eba. Depois vieram as autárquicas, aquele fenómeno que ate às a eleições dá para ir gargalhando com o humor despropositado de campanhas feitas por amadores. Depois vota-se e lá temos um cabrão de um Isaltino, o melhor estereótipo do que se passa em Portugal, com corrupção e roubo a pintarem lhe o curriculum, a ser enaltecido tal e qual um Gandi. Logo depois tenho amigos próximos a passarem por situações que, em tempos de estudantes, julgámos impossíveis… ordenados em atraso, desemprego, contas para pagar acumuladas na mesa da entrada. E entretanto estamos a crescer, casámos e começámos a ter filhos. Há que dizer que a minha geração tem um par de tomates que tomaram muitos toiros… isto de ver a queda a pique, a falta de dinheiro, a instabilidade profissional que faz parte da nossa realidade, e ainda assim assentarmos e começarmos a procriar que nem doidos, é preciso coragem… hajam malucos como nós a garantir as reformas do amanhã, só por isso devíamos ter uma benesse qualquer, tipo desconto de 90% no IVA ou uma merda assim (coelho se me lês aponta aí esta). Adiante. O que acontece, inevitavelmente, é começarmos a ver os nossos melhores, cheios de garra e curriculum, a fazerem a malinha e a porem-se na alheta. Txau aí Portugal, cá vou eu para onde me reconheçam. Uma nova geração da gaiola dourada despoletou nos últimos anos, mas agora não somos sopeiras nem obreiros, vamos e vingamos lá fora de salto alto e fato e gravata. Muitas vezes, o pior, é que não é uma opção. Temos de ir e ponto final, e é ver nos no Dubai, Angola, Brasil… fico triste. A sério que fico. Tenho a certeza absoluta, que por mais que procuremos não existe coisa mai linda do que este país à beira mar plantado. E depois as nossas pessoas, que, é verdade, batem palminhas a cabrões como o Isaltino ou o grande nilas do Sócrates, mas epa, como o nosso povo não há… o espírito de vizinhança, as almoçaradas, o bom receber que nos caracteriza. E fico triste porque vejo neste ciclo um final para lá de horroroso. Os bons a basarem, e os que ficam a sobreviverem, muitas vezes a desistirem entrando no ritmo tuga do subsidio seguido de trabalho temporário, muitas vezes os dois ao mesmo tempo. Eu cá estou no meu cantinho, muito sossegadinha a ver se não chamo a atenção. Tenho o ordenado certo ao fim do mês, uma casa comprada com um CH especial, seguro de saúde, o puto na escola, ate tenho um cão. Chego ali a minha terriola e tapo os ouvidinhos, fecho os olhos e deito a língua de fora tal e qual os putos ‘NÃO VEJO NÃO OIÇO O AR É DE TODOS LALALAL’. Deus me livre de sair daqui. Adoro a minha jola a 80 centimos numa esplanada em cima do mar, adoro caracóis em tascos, comprar alface na praça e ser beijocada por aquelas velhas desdentadas. Adoro os nossos bolos, o senhor do café que já me conhece, traz-me o café cheio sem eu pedir e oferece uma guloseima ao salpico porque não fez birras à noite. Foda-se adoro esta merda juro. Por isso fecho mesmo com força os olhinhos, como faz o meu puto, convencida que por não ver também não me veem… mas a verdade e que rezo todos os dias para não ter que chegar ao dia em que fazemos as continhas à vida, e chegamos à conclusão que o melhor é bazar.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Das certezas...

Certezas na vida tenho cada vez menos… é engraçado ver o tempo a passar e notar aquelas certezas que nos invadem tão seguras a adolescência serem completamente aniquiladas. A sabedoria do tempo que passa recheia-nos apenas de duvidas… ora então que merda é esta, o que estamos de facto a aprender? Dá-me para isto às vezes, uma nostalgia profunda, um medo do incerto, do amanhã, o não saber nunca que raio de surpresa nos reservará a vida já ali ao virar da esquina. Hoje sei apenas o que me da o dia a dia. Sei que sou de facto tão mais segura de mim comparando-me com o tempo em que era certa de tanta coisa. Chego a casa todos os dias depois de um dia de trabalho, trago o meu filho na anca, que me abraça desmedidamente, lambendo-me de um amor que demonstra sem reservas. Sei que estou cansada mas há sempre tempo para o ouvir naquela fala disléxica de voz aguda, para me rir com as suas saídas geniais, de lhe ler uma historia e beijar-lhe cada cantinho daquele corpo gorducho que saiu de dentro de mim. Sei que tenho de lhe preparar o jantar, agora ele está grande, coloco lhe uma cadeira ao meu lado e ele lava a alface comigo. Pede me todos os dias arroz com cáni, aquilo e uma paixão por comer como nunca vi. Sei que adoro ouvir o portão a abrir, e ver chegar o meu marido, o homem que escolhi para meu companheiro e amante, pai daquilo que de melhor sai de mim. Gosto de o ver chegar, correr para o meu filho, ver aquelas brincadeiras malucas de pai e filho, numa intimidade só deles que eu não sei acompanhar. Sei isto apenas. O agora que me enche até a exaustão, não me sobra tempo nem estado de espírito para a tristeza, graças a deus. Mas tenho medo às vezes caraças. Tenho medo do incerto, tenho medo do virar dos segundos, do que pode ser quebrado neste meu agora tão cheio e cúmplice. Deita-se o salpico, sobra tempo agora para a conversa de adultos. Abrem se duas sagres, que isto é casal para entornar minis ate mais não, e falo lhe dos meus medos, falo lhe de como a cada segundo que passa há mais uma certeza que vai à vida, que o amo, meu deus, tão desmedidamente, que não me imagino sem ele, sem isto que construímos. E ele, tão mais sábio e calmo que eu dá-me a mão ouve-me, acalma-me, que sim, de facto que certezas teremos? Mas olha para isto, para este segundo que virou, para a vida que juntos construímos, olha para o hoje, que existe graças ao ontem, não é bom? O que interessa realmente o amanhã? Não. Realmente não interessa nada.