sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Já não escrevo há muito tempo, é verdade, mas ultimamente tenho vivido muita coisa, falha-se-me a capacidade de mandar cá para fora, é que fiz 30 anos, já vos tinha dito, e parecendo que não 30 já é muita fruta, depois foi o trabalho, muito, o filho que cresce e nem sempre consigo acompanhar, é a expectativa do amanhã, gerir expectativas é fodido, há sempre um misto de medo e esperança, uma confusão interior do caraças, veio o Natal que é uma altura bonita, sim senhor, junta-se a família, as crianças em euforia, mas faltou-me um pilar de todo o tamanho, faltou-me o meu avô, oh santito gosto tanto de a ver, e natal sem avô fica assim como o presépio sem o menino Jesus, também me irrita a loucura dos presentes a exigência das famílias que agora são muitas e o Natal é só dia e meio, mas gosto das arvores enfeitadas, do cheiro a sobremesa, da lareira acesa e das gargalhadas de quem amamos, há também o meu feitio, parece que muda dia sim dia não, não sei o que se passa sinto-me sempre numa mutação cansativa, e a falta de tempo, isso sim, é uma real bosta que uma pessoa se for a ver bem, a vida são dois dias e às vezes tenhom um medo do caralho de não a aproveitar como deve de ser.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Oh trintona?! Quem eu?????

Assim de repente, sem eu dar bem conta como, fiz trinta anos. Trinta, assim, sem dó nem piedade. É que, para mim, trinta é assim muuuuito à frente. Pois se eu me lembro de escrever as idades nos meus pais nas fichas de inicio de anos escolares e eles estarem nos trinta como é que caraças eu já lá cheguei? Trinta anos de vida fez aqui o je, ex universitária (mas não foi ainda ontem???)a ex estagiária, ex noiva, ex miúda. Trabalho já há 8 anos, estou efetiva, casei e sou mãe de um puto que diz fodaxe. Comprei casa, tenho um cão, conduzo, pago as minhas contas. Acorda Tata Maria, que essa miúda de ontem que pedia semanada para comprar tabaco às escondidas, fez-se mulher, uma trintona aliás. E não, os teus pais já passaram os 50, os teus pais já são a-v-ó-s. Estou que não me aguento. Agora vou ali à casa de banho procurar cabelos brancos.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Ouve a tua mãe

_ Amo mi mãe. Também te amo, sabes filho? Mas olha, tenho de te dizer porque te vejo crescer sem pedir licença, e não tarda és homem feito e eu velha gaga. Amo-te muito, amando-me sempre primeiro. Não precisas de franzir esse sobrolho. Não me amo mais, amo apenas primeiro. É tão simples como as mascaras de oxigénio que caiem primeiro para as mães nos aviões. É que antes de ser tua mãe, era mulher sabias meu amor? E não sou uma mulher qualquer filho, sou exigente. Acho que sabes isso sempre que te ralho porque queres maaiiiis qualquer coisa. Não tolero algumas coisas, e a primeira de todas é que não saibas aproveitar essa vida que te corre nas veias, essa vida que te dei. Não te quero para mim eternamente, mas exijo que sejas feliz, ou pelo menos, que nunca desistas de lutar por seres feliz. Cada qual sabe de si, mas olha filho, dá-me cá essa mão gorda e olha-me nos olhos. Amo-te assim com a força de um tsunami, louca e desvairadamente, mas amo-me primeiro, porque te quero feliz, e toda a gente sabe que a melhor forma de ensinar é dando o exemplo. E eu quero dar-to sempre, mostrando-te não só que sou feliz, como faço por ser feliz. Não tenho medo da tristeza, ela faz parte da vida, e tempera-nos a alegria sempre que se vai embora. Erro muito, e por mais que me esforce sei que o farei contigo também. Mas isso é viver. Cair e aprender. Ouve-me bem filho, porque ninguém te amará como eu te amo. Não olhes para trás, vai sempre em frente. Ama-te desmedidamente. Cai e levanta-te. Bebe a vida de shot. Chora muito, as lágrimas lavam-nos a alma, e infeliz é aquele que não sabe chorar. Ri-te mais. Quando amares entrega-te, não tenhas medo de sofrer, atira-te ao abismo do calor da paixão, faz amor debaixo da lua. Apaixona-te pela primeira, segunda e terceira vez. Planta uma árvore. Faz um filho. Escreve um livro. Faz-te homem e sê feliz. Estou-me cagando se tiras um curso ou se viras carpinteiro, mas ai de ti que não sejas feliz. Vou estar aqui de olho em ti. Um beijo da tua mãe.