quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Hoje lembrei-me de si, avô estrela, avo aviador... mentira, não foi hoje, não há dia que não me lembre de si, quando vejo passar um avião, quando ouço a antena 2, quando vejo o meu filho crescer e se enlaça um nó tão grande por não poder partilhar isso consigo. Mas hoje lembrei-me com mais força, mais saudade, hoje foi como se por segundos me tivesse esquecido que o avô já ca não está e desse de caras pela primeira vez com o seu lugar vazio no sofá de casa da avó.
Vinha para casa cansada e com pressa, e o sol já se estava a despedir do dia de hoje, na estrada que vai de Sintra a Colares. Avô, nem lhe sei descrever a beleza daquela luz de final de dia, o contraste da luz com as nuvens ao fundo, o ar que parece ficar mais limpo depois da primeira chuva. E de repente senti uma vontade tão grande de o abraçar, senti saudades da sua voz quando entrava em sua casa a cantar para mim "tu vas três bien, madame la marquise", oh avô, não sei como lidar com esta realidade sem si... tenho momentos, como os de hoje, que finjo que ninguém me disse nada, finjo que não sei que a avó está vestida de preto, finjo que não reparo que o seu robe de chambre de toda a vida já não esta pendurado na casa de banho, finjo que não sei de nada. Só para enganar a saudade por alguns segundos. Mas não resulta avô, não resulta. Sinto tanto a sua falta....

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Ando cheia de trabalho (nos dias de hoje temos mais é de agradecer nosso senhor ser bondoso connosco e carregar-nos com uma carrada de trabalho para justificar a belíssima fortuna que nos cai na conta ao final do mês), mas dizia eu, ando cheia de trabalho. A verdade é que sou privilegiada, tenho trabalho e um horário espetacular que me permite ser também uma mãe presente. mas ultimamente tenho saído tarde, e estive fora dois dias, maneiras que para o salpicadas sobra o ralhete da noite para dormir, já que de manha não me cruzo com a sua pequena pessoa. Com isto, e estamos a falar de três semanas, cai o belo do remorso, aquele sentimento que vive em conjunto com um amor as vezes ate ridículo de tão gigante que é de qualquer mãe. E cai o remorso porque mal o vejo, e quando vejo estou cansada e sem paciência para perder hora e meia a adormecer a fera (que talvez como consequência de tudo isto nos tem presenteado com uma adoráveis birras para se deitar). E isto põe-me a pensar, a mim que ate tenho sorte e consigo gozar aquela coisa maravilhosa carregada de caracóis que me traz minis quando me vê cansada, que esta merda deste mundo está todo trocado. Andamos todos a correr atrás nem sei bem do quê, mas corremos desesperadamente, passando por cima de coisas tao lineares como o simples gozar estar vivo, ter uma família maravilhosa, e ser mãe. E ando nesta nostalgia desenfreada e o meu homem traz a "musica no coração" e de repente vejo o filme da minha infância, carregado da magia do era uma vez e do felizes para sempre, e ora que porra, vejo que nem nestas merdas soubemos dar continuidade ao que é bonito, romântico e sonhador. As porcarias que passam na televisão e cinema são inevitavelmente trágicas, com raptos, violações e sexo infiel, já não há a magia dos contos de fadas em porra nenhuma. Esta merda deste texto não esta a fazer sentido nenhum, mas não interessa, estou cansada e estou triste, o meu filho acabou de chorar de corpo e alma porque não me queria a adormece-lo.