terça-feira, 26 de janeiro de 2016

O melhor da vida são os nossos filhos. E tudo na vida é relativo.

O melhor da vida são os nossos filhos. E tudo na vida é relativo.
Não sei que título dar a isto. Estou exausta, adonis também, já lá vão muitos dias com o sono interrompido.
Piqueno Abdul volta a ficar doente na sexta. Febril e ensonado, vagamente rabugento. A noite é um pandemónio, era tosse, lágrimas, ranho e por fim vomitado all over the place. Casal brasa desdobra-se entre colo, muda de lençóis, benuron e brufen.
Íamos aproveitar o sol do fim de semana para churrasco na rua e passeios na praia. Lol. Este post também se pode chamar parou aí na hora de tentar programar a vida se tens seres provindos do teu útero. Maneiras que sábado também andamos assim. E o miúdo sem descansar, com pouca fome, olhos chorões e olheirentos, febre com tremores. E vai que de repente se nos mete na cabeça uma palavra. Meningite. Corro á net para ver o que é a meningite. Puta da net na hora que mais precisamos dela mete-nos sintomas que podem ser sono, gripe, e gastroenterite, enfim, qualquer sintoma cabe na meningite. Ligo para a saúde 24, ai acuda-me que estou com medo que seja meningite, e o homem do outro lado impecável a cumprir o seu script. Urgência connosco. Na triagem pumbas, mais de 40 de febre, apesar de ter tomado o benuron há 4 horas. Chorão e murcho. Pulseira cor de laranja, brufen no bucho, passamos à médica (um amor, mais uma vez hospital de cascais you rule).
_ O menino é saudável?
_ Creio que sim, teve tosse convulsa em bebé.
_ Ah bem me parecia que conhecia a sua cara, cá beijinho.
Ausculta, mede, vê-lhe a garganta, novo vómito, chora muito. Raio x à criança e quero vê-lo de novo sem febre que assim ele não coopera.
Sala de espera, raio x, tudo rápido.
Enquanto esperamos para ser chamados novamente, ele arrebita, faz cucu às pessoas, e caminha arrastando o seu coelhinho imundo pelo chão (já desinfetado com lixivia).
"Senha P148", lá vou eu a correr.
_ Pneumonia mãe.
E eu
_ Ah graças a Deus.
E ela
 _ ????
Estamos em casa, antibiótico e muito mimo.

Já vos disse que tudo na vida é relativo? E que o mais importante são os nossos filhos? E dormir. Dormir também é muito importante que eu estou de uma sensibilidade que só visto, é ver-me entre caralhadas e lágrimas só porque tropeço ou ando, ou rio, ou lavo a loiça, enfim, porque existo e estou exausta. Mas aliviada, ainda assim.


sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Pequenos acessos de inspiração. É isto que tem acontecido na minha vida, pequenos, brevíssimos acessos de inspiração.
Abro o word, fecho o word, abro o blogger, fecho o blogger. Um horror, uma existência profundamente exaustiva esta minha, transbordo cenas e quando as quero vomitar fecham-se-me as torneiras.
Tenho tido o abdulah doente. Doente é o termo, o puto esteve mesmo aflito para respirar. E eu, ando tão cansada, tão vai não vai, tão aqui e ali, que quase estive para não o levar ao médico. ah e tal se calhar não é nada, uma borrifadela de soro resolve a cena. Mas não resolveu. Maneiras que quase fui péssima mãe, porque quase não o levei ao médico. (Apesar de depois o ter levado e agora o puto estar mais medicado que um tuberculoso, mas vocês percebem a ideia.)
Enfim, ando nesta impaciência constante. Parece que tenho as coisas quaaaase a resolverem-se e quando chega a hora, que sa foda, e sento-me fumo um cigarro. Não ando nem desando.
Isto é um desassossego permanente. Decido que vou recomeçar a mexer-me, hoje vou a pé para o trabalho, digo eu toda lambona, mas depois apanho o metro. Decido que vou fazer dieta, mas depois mamo um leite com chocolate com a mesma sofreguidão de um alcoólico em abstinência. Esta merda do ano novo provoca isto em mim, acho eu, uma pessoa desata a enfardar passas uma pela saúde (deixa de fumar), uma pela felicidade (deixa de te queixar), pimbas e pimbas, passas e mais passas. Tocam as 12 badaladas e aqui estamos nós, gordos de resoluções para começar amanhã. E vamos a meio de janeiro e eu aqui. Flácida e queixosa.
Entretanto não era nada desta merda deste texto que eu queria escrever, estava convencida que me ia sair uma cena toda poética e sublime, cheia de metáforas inteligentes, mas olha é o que temos.
Foda-se que neura.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Som terrível este do despertador. Abro os olhos saída à bruta de um sonho agitado e estranho, ponho o telefone no silêncio e viro-me de barriga para cima. Está escuro lá fora e chove miudinho. Tenho 4 minutos para acordar mesmo acordar, aquele acordar que implica levantar. Está escuro lá fora, e chove miudinho. Os miúdos dormem no quarto ao lado, ouço-lhes o respirar sempre ranhoso nesta altura do ano. Tenho 4 minutos para acordar mesmo acordar, aquele acordar que implica levantar. Fecho os olhos só mais um bocado, tenho a cabeça confusa ainda sobre o que é sonho ou real, e lá fora está escuro e chove miudinho, tenho ainda três minutos para me levantar. Ao meu lado a minha metade, quando o sinto perto de mim assim descansado a dormir, tenho vontade de congelar o tempo só por um milhão de anos para apreciar devidamente aquilo que é a paz de um grande amor. Suspiro. Sei que já tenho a roupa escolhida para o novo dia, o café já está colocado no filtro só falta aquecer a água e, por isso, tenho ainda dois minutos para acordar mesmo acordar, aquele acordar que implica levantar. E está escuro lá fora, e chove miudinho. Lembro-me do salpico ficar de beicinho e dizer-me, mãe tira isto, faz-me triste, porque estão a tirar a princesa a ele? Era só um videoclip, e era só uma fã ser arrastada em braços depois de se atirar ao michael jackson, mas o meu caracóis de sol ficou triste, porque não se tiram assim as princesas a eles. E ele tem razão.
Abro os olhos. A calma da madrugada. Deprime-me e adoro-a. E se eu arriscasse? E se...
O despertador toca por fim, zero minutos para acordar mesmo acordar, aquele que implica levantar. E levanto-me para a vida ao cronometro.