Ando numa fase de mudanças.
Mentira. Ando numa fase cheia de pré-disposição para a mudança (o que, parecendo que não, é muito diferente).
A primeira passará por dizer adeus a este blog. Custa-me um bocado, afinal, cresci tanto neste espaço cor de rosa e que é, genuinamente, a minha alma em tinta (na verdade não é tinta, são teclas, enfim, não interessa).
Comecei um novo blog, bem diferente deste, lá está, fruto desta pré-disposição que me tem invadido os sonhos. Em breve fecharei este.
A todos os que por aqui passaram e passam, a todos os que me lêem, um muitíssimo e gigante obrigado. Vemo-nos nestas bandas, sempre que queriam, caso ainda queiram.
Foi um prazer.
terça-feira, 12 de abril de 2016
segunda-feira, 11 de abril de 2016
Ele abraçou-me e disse-me:
- Mãe, vou fazer um poder para tu mais nunca (nunca mais em salpiquez) ires para o xéu.
- Como assim salpico?
- Então quando tu morreres eu faço pffrraupum, um poder e
tu não vais para o xéu.
- Não queres que a mãe vá para o céu quando morrer?
- Não. Quero-te sempre aqui.
E rachou-me a alma de receio e tristeza também, porque o meu
pequenino começa a perceber o fim, a mortalidade das coisas, a saudade. Rachou-se
a meio a alma porque apesar de mórbida esta foi a declaração de amor mais
profunda do meu príncipe loiro e crescido.
Rachou-se também porque espelho nele um medo meu. Aquele que
é inevitável. O do fim. O da mortalidade das coisas. (Então e a fé? Não sei da
fé. Tenho-a mas sem rédea, não sei usa-la quando preciso).
Eu não sei lidar com isso, isto, oh caraças que angustia.
Falemos de sexo filho, pode ser?
quarta-feira, 23 de março de 2016
#jesuis...
E de repente acordamos no nosso dia a dia seguro e monótono, na nossa casa quentinha, zangados porque os nossos filhos gordinhos nos acordaram à noite, prontos para tomarmos um banho relaxante antes de irmos trabalhar. Pegamos no nosso smartphone com internet e fotografias, abrimos as notícias e toma lá chapada na cara. O que é isto? O que se passa no meu mundinho evoluído, seguro e monótono, o que vem a ser esta merda, podia ser eu, o meu marido, os meus irmãos a morrer naquela tragédia que levou mais de 30 pessoas de uma só vez...
Triste, tão triste esta era que vivemos. Onde rebenta com tanta força um ódio mascarado de deus, uma raiva pela nossa cultura segura e monótona onde todos somos charlie, todos temos uma opinião a dar no Facebook, nos blogs, nos artigos online, porque enfim, a liberdade é um dado adquirido e nós estamos zangados e gostamos de likes. Mas aqui, bem longe das culturas chacinadas, das crianças queimadas vivas, mulheres violadas, meninos raptados. Vocês aí, com as vossas bombas, e nós aqui, com os nossos belos hashtags.
Estou zangada eu também. Não sei o que motivará uns putos mais novos que o meu irmão rebentarem assim, sem mais nem menos, com eles e outros num dia normal. Não sei em que moradas se escondem estes monstros desumanos, deturpadores de uma fé que é, ao fim ao cabo, amor, só amor, e que conseguem chegar aos nossos do lado de cá, os que cresceram neste mundo evoluido e seguro e livre e superior, mas já sem fé e sem amor, vazios de esperança... Não sei que ódio é este, não entendo o fanatismo, não compreendo este desamor que os acusamos.
O que entendo, compreendo e vejo, é que acordamos num dia como outro qualquer, zangados com os impostos ou com a política, confortáveis no nosso mundinho seguro e monótono, e rebentaram-nos a segurança, abalaram os nossos supostos valores tão dignos de likes. E num piscar de olhos somos eles, e odiamos, berramos, apontamos o dedo a uma cor ou raça. Todos em guerras de likes e ofensas quando deveríamos estar do mesmo lado. O da tolerância. O da liberdade. O da paz. O do amor.
segunda-feira, 21 de março de 2016
Senta-te aí. Bem à minha frente, olha-me nos olhos e ouve-me. Ontem esteve sol, lembras-te? Sentaste-te lá fora, carne ao lume e um copo de vinho branco. O pequenino dormia, e o grande pediu-te para ver descalso no sofá da sala a história do menino Jesus. O que sentiste?...
Senti... Paz.
Paz, num momento tão simples, num momento que é uma fotografia da tua vida... Porque choras?
Choro porque sei que sou feliz. Mas não sei eternizar aquilo que sei que sou, nos momentos mais simples da minha vida. Choro porque na ânsia do amanhã deixo tantas vezes fugir o agora. Esse agora que me falas e que é meu, e que tantas vezes me passa despercebido. Choro de cansaço de mim mesmo, da ingratidão que por vezes me inunda no meu egoísmo, tão cego da pena que tenho de mim mesmo... Choro... Não sei porque choro.
Olha para mim... Lembras-te do sol de ontem? Do som do teu lar, do cheiro dos teus? Lembras-te?
Lembro...
O que sentiste?
Paz... Senti tanta paz que achei que ia parar de bater.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016
Deito-me sempre cedo. Tenho o corpo dorido pela alma.
O sono normalmente tem um efeito devastador em mim. Baralha-me
as ideias, chocalha-me sentimentos, toda eu escorrego entre aquilo que é
racional e emocional, trocando um por outro a todos a cada virar dos segundos.
Ontem deitei-me, como é habitual, (muito) cedo, e veio comigo a
minha primeira obra de arte, em vias de fazer 5 anos. Não sei explicar o efeito
que uma mão gorducha cheia de anos tem em mim, mas é assim brutal. Agora sem
sesta, ele adormece em mais ou menos 2 segundos.
Fiquei a olhar um bocadinho para ele, o meu loiro bonzinho,
ali na calma do lar, na segurança que a minha cama lhe transmite. Ao menos
isso. Sei que dorme sossegado, deve sonhar com spider mans, corridas nos pinhais, tablets cheios de
jogos e sacos carregados de coijasboas.
Fecho então os olhos, e passa na minha cabeça o dia confuso quer vivi. Emails
apressados. Trocas de mensagens em alvoroço. Mãe com dores de costas e eu sem
tempo para a falta de tempo.
Abro novamente os olhos. Ao menos isso. Ele dorme sossegado.
Consigo até ver-lhe um sorriso, aposto que está a comer coijasboas mascarado de spider man.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
Eu por norma sou refilona. Acho que é fácil perceber isso. Ás vezes zango-me comigo mesma, não é muito justo que com a minha sorte eu me ponha a refilar porque o miúdo não dorme, o despertador não tocou, ou o raio que o valha. Mas refilo imenso. Tudo é dramático em mim.
Outras vezes acho que é essa minha característica que me salva de mim mesma, do caos que às vezes tenho instalado na alma. Atiro cá para fora em palavrões e pronto, estou limpa.
Os meus filhos estão a crescer a uma velocidade estonteante. De hoje a uma semana o meu caracóis de sol faz 5 anos, e temos tido ultimamente novos desafios nesta corrida alucinante que é a de educar (enquanto amamos, trabalhamos, corremos contra o tempo).
O meu pequenino gigante diz pópó, e se lhe perguntam como faz a mãe ele imita o som de uma vaca. Um ano e meio e já me chama de vaca, mas é amoroso, dá vontade de lhe dar beijos na boca a toda a hora.
Depois há as notícias, essas filhas da puta que nos dão socos no estômago logo pela manhã. E eu já não me queixo. Só anseio de forma animalesca que tudo fique assim, nada mude: um gordão que me chama de vaca com grunhos alegres, um caracóis de sol que me beija na boca mesmo quando está de castigo. Fiquem assim, felizes para sempre está bem?
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016
Reapaixonada
Ás vezes ponho-me a pensar em questões altamente profundas (por norma a ouvir chopin, tipo intelectualoide suburbana, no comboio, vejo os subúrbios tristes e cinzentos, as pessoas cansadas e com pressa).
Vejo com alguma nostalgia que a norma não é a alegria, e isso aflige-me, não por mim, que até consigo perceber o sublime do triste, mas porque achei que devia meter duas pessoas neste mundo. Ainda por cima, vejam-me bem o azar, calhou-me ser a mãe das duas pessoas mais importantes do universo, e eu para eles não espero mais do que felicidade assim tipo todos os microsegundos da vida deles.
Enfim, lá está o meu útero à estalada com o meu cérebro, não vinha para aqui falar dos meus (absolutamente espetaculares e fenomenais) filhos. Vinhas antes tentar meter em palavras uma coisa que senti há bocadinho quando fechei os olhos num pequeno excerto de música logo após passar a ic19, isto num fim de tarde tragicamente cinzento. Vinha tentar fazer-vos advinhar este soluço que não sai, conseguem ver? Não?
Sou eu, reapaixonada. Pela minha casa, pela minha pessoa, pelos meus amigos, pelos churrascos com imperiais, pelo meu adónis em vésperas de dia dos namorados.
Isto é lixado, isto leia-se a fórmula da felicidade. Os dias repetem-se, nós queixamo-nos porque não há dinheiro, há cansaço, está a chover, enfim, porque sim. E o tempo passa sabem? Por isso, é estar atento, estas coisas boas vêm de fininho, assim de surra, a música é linda e mexe cá dentro, o almoço sabe-nos particularmente bem, o telefonema da manhã com o marido foi especial. Se não somos inteligentes... Mentira, não é inteligentes, a inteligência às vezes é triste como a merda. Se não somos agradecidos, estes momentos são esborrachados pelo dia a dia, que passa igual a ontem e ao amanhã. E assim quebro a norma, só um bocadinho, e não sou triste. Sou momentaneamente incrivelmente sortuda e reapaixonada.
(Foda -se passei a estação, estou atrasada, tenho de correr mais ainda. Merda.)
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