terça-feira, 22 de outubro de 2013

Aqui à beira chuva plantada

Tata divaga entre o escrever sobre trabalhar com femeas, resoluções drásticas já tomadas sem sucesso noutras alturas da vida, ou falar do tempo....

sábado, 19 de outubro de 2013

Está na hora de reveres os teus hábitos tata maria...

Estoira o quadro de eletricidade (coisa de pobre, para ligar o secador tenho de desligar o termoacumulador e por aí em diante). Na sala ouve-se uma vozinha estridente: Mau! Fodaxe!
Assim mesmo. Na hora certa. No momento oportuno. Sozinho e sem espectadores. Fo-da-xe.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Ir ou ficar... FICAR

Diariamente somos bombardeados com noticias terríveis. Já aqui falei varias vezes da minha desistência quase absoluta de acompanhar o que se passa no mundo, e no meu piqueno Portugal mais especificamente. Um país que se afunda, ou vá, para os mais optimistas, que agora parou de cair a pique e ficou nos 3000 m de profundidade. Eba. Depois vieram as autárquicas, aquele fenómeno que ate às a eleições dá para ir gargalhando com o humor despropositado de campanhas feitas por amadores. Depois vota-se e lá temos um cabrão de um Isaltino, o melhor estereótipo do que se passa em Portugal, com corrupção e roubo a pintarem lhe o curriculum, a ser enaltecido tal e qual um Gandi. Logo depois tenho amigos próximos a passarem por situações que, em tempos de estudantes, julgámos impossíveis… ordenados em atraso, desemprego, contas para pagar acumuladas na mesa da entrada. E entretanto estamos a crescer, casámos e começámos a ter filhos. Há que dizer que a minha geração tem um par de tomates que tomaram muitos toiros… isto de ver a queda a pique, a falta de dinheiro, a instabilidade profissional que faz parte da nossa realidade, e ainda assim assentarmos e começarmos a procriar que nem doidos, é preciso coragem… hajam malucos como nós a garantir as reformas do amanhã, só por isso devíamos ter uma benesse qualquer, tipo desconto de 90% no IVA ou uma merda assim (coelho se me lês aponta aí esta). Adiante. O que acontece, inevitavelmente, é começarmos a ver os nossos melhores, cheios de garra e curriculum, a fazerem a malinha e a porem-se na alheta. Txau aí Portugal, cá vou eu para onde me reconheçam. Uma nova geração da gaiola dourada despoletou nos últimos anos, mas agora não somos sopeiras nem obreiros, vamos e vingamos lá fora de salto alto e fato e gravata. Muitas vezes, o pior, é que não é uma opção. Temos de ir e ponto final, e é ver nos no Dubai, Angola, Brasil… fico triste. A sério que fico. Tenho a certeza absoluta, que por mais que procuremos não existe coisa mai linda do que este país à beira mar plantado. E depois as nossas pessoas, que, é verdade, batem palminhas a cabrões como o Isaltino ou o grande nilas do Sócrates, mas epa, como o nosso povo não há… o espírito de vizinhança, as almoçaradas, o bom receber que nos caracteriza. E fico triste porque vejo neste ciclo um final para lá de horroroso. Os bons a basarem, e os que ficam a sobreviverem, muitas vezes a desistirem entrando no ritmo tuga do subsidio seguido de trabalho temporário, muitas vezes os dois ao mesmo tempo. Eu cá estou no meu cantinho, muito sossegadinha a ver se não chamo a atenção. Tenho o ordenado certo ao fim do mês, uma casa comprada com um CH especial, seguro de saúde, o puto na escola, ate tenho um cão. Chego ali a minha terriola e tapo os ouvidinhos, fecho os olhos e deito a língua de fora tal e qual os putos ‘NÃO VEJO NÃO OIÇO O AR É DE TODOS LALALAL’. Deus me livre de sair daqui. Adoro a minha jola a 80 centimos numa esplanada em cima do mar, adoro caracóis em tascos, comprar alface na praça e ser beijocada por aquelas velhas desdentadas. Adoro os nossos bolos, o senhor do café que já me conhece, traz-me o café cheio sem eu pedir e oferece uma guloseima ao salpico porque não fez birras à noite. Foda-se adoro esta merda juro. Por isso fecho mesmo com força os olhinhos, como faz o meu puto, convencida que por não ver também não me veem… mas a verdade e que rezo todos os dias para não ter que chegar ao dia em que fazemos as continhas à vida, e chegamos à conclusão que o melhor é bazar.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Das certezas...

Certezas na vida tenho cada vez menos… é engraçado ver o tempo a passar e notar aquelas certezas que nos invadem tão seguras a adolescência serem completamente aniquiladas. A sabedoria do tempo que passa recheia-nos apenas de duvidas… ora então que merda é esta, o que estamos de facto a aprender? Dá-me para isto às vezes, uma nostalgia profunda, um medo do incerto, do amanhã, o não saber nunca que raio de surpresa nos reservará a vida já ali ao virar da esquina. Hoje sei apenas o que me da o dia a dia. Sei que sou de facto tão mais segura de mim comparando-me com o tempo em que era certa de tanta coisa. Chego a casa todos os dias depois de um dia de trabalho, trago o meu filho na anca, que me abraça desmedidamente, lambendo-me de um amor que demonstra sem reservas. Sei que estou cansada mas há sempre tempo para o ouvir naquela fala disléxica de voz aguda, para me rir com as suas saídas geniais, de lhe ler uma historia e beijar-lhe cada cantinho daquele corpo gorducho que saiu de dentro de mim. Sei que tenho de lhe preparar o jantar, agora ele está grande, coloco lhe uma cadeira ao meu lado e ele lava a alface comigo. Pede me todos os dias arroz com cáni, aquilo e uma paixão por comer como nunca vi. Sei que adoro ouvir o portão a abrir, e ver chegar o meu marido, o homem que escolhi para meu companheiro e amante, pai daquilo que de melhor sai de mim. Gosto de o ver chegar, correr para o meu filho, ver aquelas brincadeiras malucas de pai e filho, numa intimidade só deles que eu não sei acompanhar. Sei isto apenas. O agora que me enche até a exaustão, não me sobra tempo nem estado de espírito para a tristeza, graças a deus. Mas tenho medo às vezes caraças. Tenho medo do incerto, tenho medo do virar dos segundos, do que pode ser quebrado neste meu agora tão cheio e cúmplice. Deita-se o salpico, sobra tempo agora para a conversa de adultos. Abrem se duas sagres, que isto é casal para entornar minis ate mais não, e falo lhe dos meus medos, falo lhe de como a cada segundo que passa há mais uma certeza que vai à vida, que o amo, meu deus, tão desmedidamente, que não me imagino sem ele, sem isto que construímos. E ele, tão mais sábio e calmo que eu dá-me a mão ouve-me, acalma-me, que sim, de facto que certezas teremos? Mas olha para isto, para este segundo que virou, para a vida que juntos construímos, olha para o hoje, que existe graças ao ontem, não é bom? O que interessa realmente o amanhã? Não. Realmente não interessa nada.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Hoje lembrei-me de si, avô estrela, avo aviador... mentira, não foi hoje, não há dia que não me lembre de si, quando vejo passar um avião, quando ouço a antena 2, quando vejo o meu filho crescer e se enlaça um nó tão grande por não poder partilhar isso consigo. Mas hoje lembrei-me com mais força, mais saudade, hoje foi como se por segundos me tivesse esquecido que o avô já ca não está e desse de caras pela primeira vez com o seu lugar vazio no sofá de casa da avó.
Vinha para casa cansada e com pressa, e o sol já se estava a despedir do dia de hoje, na estrada que vai de Sintra a Colares. Avô, nem lhe sei descrever a beleza daquela luz de final de dia, o contraste da luz com as nuvens ao fundo, o ar que parece ficar mais limpo depois da primeira chuva. E de repente senti uma vontade tão grande de o abraçar, senti saudades da sua voz quando entrava em sua casa a cantar para mim "tu vas três bien, madame la marquise", oh avô, não sei como lidar com esta realidade sem si... tenho momentos, como os de hoje, que finjo que ninguém me disse nada, finjo que não sei que a avó está vestida de preto, finjo que não reparo que o seu robe de chambre de toda a vida já não esta pendurado na casa de banho, finjo que não sei de nada. Só para enganar a saudade por alguns segundos. Mas não resulta avô, não resulta. Sinto tanto a sua falta....

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Ando cheia de trabalho (nos dias de hoje temos mais é de agradecer nosso senhor ser bondoso connosco e carregar-nos com uma carrada de trabalho para justificar a belíssima fortuna que nos cai na conta ao final do mês), mas dizia eu, ando cheia de trabalho. A verdade é que sou privilegiada, tenho trabalho e um horário espetacular que me permite ser também uma mãe presente. mas ultimamente tenho saído tarde, e estive fora dois dias, maneiras que para o salpicadas sobra o ralhete da noite para dormir, já que de manha não me cruzo com a sua pequena pessoa. Com isto, e estamos a falar de três semanas, cai o belo do remorso, aquele sentimento que vive em conjunto com um amor as vezes ate ridículo de tão gigante que é de qualquer mãe. E cai o remorso porque mal o vejo, e quando vejo estou cansada e sem paciência para perder hora e meia a adormecer a fera (que talvez como consequência de tudo isto nos tem presenteado com uma adoráveis birras para se deitar). E isto põe-me a pensar, a mim que ate tenho sorte e consigo gozar aquela coisa maravilhosa carregada de caracóis que me traz minis quando me vê cansada, que esta merda deste mundo está todo trocado. Andamos todos a correr atrás nem sei bem do quê, mas corremos desesperadamente, passando por cima de coisas tao lineares como o simples gozar estar vivo, ter uma família maravilhosa, e ser mãe. E ando nesta nostalgia desenfreada e o meu homem traz a "musica no coração" e de repente vejo o filme da minha infância, carregado da magia do era uma vez e do felizes para sempre, e ora que porra, vejo que nem nestas merdas soubemos dar continuidade ao que é bonito, romântico e sonhador. As porcarias que passam na televisão e cinema são inevitavelmente trágicas, com raptos, violações e sexo infiel, já não há a magia dos contos de fadas em porra nenhuma. Esta merda deste texto não esta a fazer sentido nenhum, mas não interessa, estou cansada e estou triste, o meu filho acabou de chorar de corpo e alma porque não me queria a adormece-lo.