domingo, 15 de dezembro de 2013

Ouve a tua mãe

_ Amo mi mãe. Também te amo, sabes filho? Mas olha, tenho de te dizer porque te vejo crescer sem pedir licença, e não tarda és homem feito e eu velha gaga. Amo-te muito, amando-me sempre primeiro. Não precisas de franzir esse sobrolho. Não me amo mais, amo apenas primeiro. É tão simples como as mascaras de oxigénio que caiem primeiro para as mães nos aviões. É que antes de ser tua mãe, era mulher sabias meu amor? E não sou uma mulher qualquer filho, sou exigente. Acho que sabes isso sempre que te ralho porque queres maaiiiis qualquer coisa. Não tolero algumas coisas, e a primeira de todas é que não saibas aproveitar essa vida que te corre nas veias, essa vida que te dei. Não te quero para mim eternamente, mas exijo que sejas feliz, ou pelo menos, que nunca desistas de lutar por seres feliz. Cada qual sabe de si, mas olha filho, dá-me cá essa mão gorda e olha-me nos olhos. Amo-te assim com a força de um tsunami, louca e desvairadamente, mas amo-me primeiro, porque te quero feliz, e toda a gente sabe que a melhor forma de ensinar é dando o exemplo. E eu quero dar-to sempre, mostrando-te não só que sou feliz, como faço por ser feliz. Não tenho medo da tristeza, ela faz parte da vida, e tempera-nos a alegria sempre que se vai embora. Erro muito, e por mais que me esforce sei que o farei contigo também. Mas isso é viver. Cair e aprender. Ouve-me bem filho, porque ninguém te amará como eu te amo. Não olhes para trás, vai sempre em frente. Ama-te desmedidamente. Cai e levanta-te. Bebe a vida de shot. Chora muito, as lágrimas lavam-nos a alma, e infeliz é aquele que não sabe chorar. Ri-te mais. Quando amares entrega-te, não tenhas medo de sofrer, atira-te ao abismo do calor da paixão, faz amor debaixo da lua. Apaixona-te pela primeira, segunda e terceira vez. Planta uma árvore. Faz um filho. Escreve um livro. Faz-te homem e sê feliz. Estou-me cagando se tiras um curso ou se viras carpinteiro, mas ai de ti que não sejas feliz. Vou estar aqui de olho em ti. Um beijo da tua mãe.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Aqui estou eu, desde as 7:35 à espera que algum comboio dos declarados serviços minimos, com o maravilhoso som de fundo num looping esquizofrenico 'srs passageiros informamos que por motivos de greve estão a haver ALGUMAS perturbações na circulação' e eu com uma vontade alucinante de me atirar feita desvairada à puta da coluna que me diz esta frase consecutivamente e parti-la ao pontapé..

sábado, 2 de novembro de 2013

Esgotam-se-me os temas as vezes... não é bem os temas, é a forma de os mandar cá para fora. Escrever sempre  foi para mim uma lavagem da alma e do coração. Neste momento estou para aqui cheia de vontade de escrever mas nem sei bem por onde comece. Tenho como som de fundo as gargalhadas completamente histéricas do meu salpico, que brinca com o meu adonis numa tentativa de adiar o banho. Acendi a lareira, e está uma noite linda, aqui no campo onde moro.
Hoje trouxe a minha avó cá a casa. Aproveitamos o sol e sentamo-nos lá fora. comemos ameijoas e salmão grelhado, a acompanhar um vinho do meu cunhado. Ouvia-a, meu deus como adoro ouvi-la, lá no alto da sua sabedoria de 89 anos, toda ela muito direita, toda ela impecável  e divertida com o seu copo de vinho. Diz-me que viver é bom. Só assim. Olha filha, que coisa tão boa estar aqui consigo, dê-me cá mais um copinho, viver é tão bom não é? E eu sorrio. Caramba, às vezes inquieto-me com merdices que não interessam ao menino Jesus, e vem a minha avó, senhora de si e do mundo, que enterrou em dois anos um filho e o seu companheiro por 68 anos de vida, e diz-me, sorrindo matreira atrás do vinho que beberica, que viver é bom. Toma lá e embrulha. É isso mesmo, viver é bom....

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Sabes uma coisa?

É tudo relativo, sabes mana? Sou uma pita, bem sei, mas tenho uma avó milenar que me ensina a arte de viver com a alma, tenho um avô aviador no céu, e tive de aprender a matar saudades sem o ver. E sei, sabendo que sou uma pita, que é tudo relativo. Que a pimenta da dor é temperada pelo tempo, que ora acrescenta, ora retira, mexe a panela que é a nossa vida com uma força hoje que amanhã será outra. O meu filho agora cozinha comigo à noite, acho que já te tinha dito. Sobe uma cadeira, e guincha de felicidade ao colocar o sal e a pimenta na carne. Depois de o fazer lambe os dedos gordos e trinca pedras de sal. Ralho com ele, mas vejo o prazer que lhe dá, a pedra temperada. Depois pede-me agua, e vai-se a fortaleza de mar na boca. Porque tudo é relativo, e a nossa vida vai sendo temperada ora com mãos gordas e inexperientes, que atiram pedregulhos de sal, ora com mãos sábias e calmas, que sabem a quantidade certa de sabor que nos dá prazer. O que hoje nos faz felizes não é necessariamente o que precisamos para amanhã. A verdade é esta. Por isso, vale-nos despejar a alma de certezas, porque sabes, a única que podemos ter seguramente, é que um dia passaremos a estrela como o meu avô. Tudo o resto é relativo, tão relativo… mas é bom sentir, engolir as lágrimas quentes, saborear-lhes o calor salgado, saber que cada uma delas significa uma coisa, e que às vezes não significa nada. E o que hoje as faz correr, não será necessariamente o que nos fará chorar amanhã. E depois há magia da tempestade que passa, do sol que volta a brilhar, e que sabe, sem duvida, tão melhor depois da queda que dói. Já te disse uma e outra vez. Tudo é relativo. O que nos move hoje, não será o que nos fará andar amanhã. Andes ou pares, chores ou rias, eu estarei aqui.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Fodaxe digo eu!

O que é que podia ser pior do que sair do dentista com o orçamento de 1000 euros para me devolverem o sorriso, com meio cranio anestesiado? Uma viagem de 45m de comboio na linha de sintra EM PÉ, uma molha do caralho para chegar ao carro, e, molhada que nem um pinto e com a sensação que metade da minha cara morreu, O CARRO NÃO PEGAR NO CABRÃO DO DIA A SEGUIR Á INSPEÇÃO!!!!

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Parece que não mas tem tudo a ver

Perguntam-me, qual a grande diferença na tua vida desde que foste mãe? Esta até parece daquelas perguntas de rasteira daqueles exames filhos da puta dos tempos de faculdade em que as que errávamos descontavam no resultado final... e sim, este é um exercício quase impossível, o de nomear a graaande diferença em mim, na minha vida, desde que me estoirou um salpico na vida. Tudo começou na gravidez, logo uma prova de fogo à minha capacidade de amar o ainda invisível. Mais que esse amor, que já vinha testando na espécie de fé que habita em mim, foi a paciência... a capacidade de esperar (quem me conhece sabe que não sou pessoa dada a espera). Depois foi o choque, eh caraças que de repente conseguir lavar os dentes sem sair de escantilhão para socorrer um choro esfaimado virou o momento áureo do dia. A falta de tempo para mim aliada ao cansaço profundo das primeiras noites de um filho (no meu caso as primeiras noites foram cerca de 360, mais uma prova aqui para a amante do sono) foi de facto um estalo na fronha. Mas depois isto do tempo é de facto relativo, e num instante de pânico passa-se a paixão, assim numa velocidade estonteante. Ai que o menino sorri, e o refego benzadeus, vontade de te morder esses pés. O cheiro, o sorriso, as primeiras palavras. A vida encaixa-se nesta nova realidade de uma forma tão natural que quando damos por nós, oh diabo, que já não sei viver sem este meu pequeno ser infernal. Toda eu me derreto, toda eu me desmancho naqueles abraços, risinhos, vozinha estridente na birra e no 'amo mi mãe' que me diz meloso. E com este amor vem uma espécie de pânico miudinho. É este um estado de espirito que acompanha lado a lado este amor soberbo e tsunamico, um pânico miudinho que o miúdo sofra, que caia, que se magoe... é estupido, bem sei, todos nós sofremos e é aliás da dor que tiramos a maior parte das grandes lições de vida. Mas uma coisa é sermos nós a sofrer. Outra são os nossos filhos.
Isto tudo para vos dizer que, depois de muito matutar na grande diferença na minha vida, e vem ela regada com o tudo o que descrevo a cima, é que ganhei um medo que nunca tive. O medo de morrer, de deixar de ver aqueles refegos virarem corpo de homem, de não lhe acompanhar o crescimento, a primeira redação, a primeira bezana, a primeira queca (aqui não é acompanhar acompanhar, mas vocês percebem o que eu quero dizer). Pior. O ele passar por tudo isso e não se lembrar de mim, a desgraçada que o pariu e o ama assim para lá de desvairadamente.
Coisa meia mórbida esta, mas que me tem acompanhado alguns pensamentos, este pânico miudinho, ai jesus se eu lhe falto, quem o amará assim de corpo, alma e coração como eu?
Maneira que estou numa fase de bullets. Dar prioridade àquilo que é importante, redefinir novos hábitos, tornar-me, caramba, numa espécie de mulher saudável.
Mi aguardem.