quinta-feira, 27 de junho de 2013

A propósito do post anterior (resposta a ti minha antiga)

Caralhadas à parte, e sem comentários faxos de frangos na praia, a propósito da greve de hoje. E dos professores em dia de exame. E dos transportes dia sim dia não. E do mês passado. E do outro, e enfim, a propósito das greves consecutivas num país feito num faralho, a precisar de aumentar a produtividade, a precisar sabe deus do quê, a minha opinião:
A greve é um direito. Disso não tenho dúvidas. E, pasmem-se, até considero uma ferramenta útil em casos extremos e quando utilizada apenas em caso extremos. Se vira birra não serve para nada porque as birras, como sabem, resolvem-se sendo ignoradas.
O que se tem passado em Portugal para mim é uma vergonha. E é uma vergonha que começa naqueles que nos governam, não só os hoje, mas os de ontem, os que nos deixaram chegar a este estado, com uma dívida pública a pssar do ridículo, com um desemprego assustador, com a subida abismal de reformas antecipadas, com uma segurança social na falência, sem dinheiro para os velhos de hoje quanto mais os de amanhã. Tenho vergonha de nós que os pusemos lá, nós que os mantivemos lá enquanto nos deu jeito, nós que tão bem soubemos gozar regalias insuportáveis, subsídios estoirados, cartões de crédito a pagar cartões de crédito (e não, não acho que a culpa seja dos bancos). Tenho vergonha também de ver como estamos agora, tenho vergonha de passar todos os dias na Segurança Social às 7 da manhã e ver filas intermináveis, tenho vergonha da pobreza que se alastra como um cancro mesmo ao nosso lado, nos mendigos que aumentam, nas famílias que não têm como pagar as escolas e muito menos os impostos. Mas não concordo com a greve. Não concordo porque não surte efeito nenhum, não concordo porque me irrita, porque não considero que sirva ao fim ao cabo para nada. Porque o país não pára, só atrasa, porque quem ainda tem sorte de ter um emprego vê o dia todo fodido para chegar ao local de trabalho, porque não se muda nada, não altera nada, só chateia, só provoca improdutividade num país já de si tão improdutivo. Falem-me da manifestação que se lixe a troika, organizada por cidadão impartidários como eu, marcada para um sábado para que não lixasse a vida a ninguém, e essa sim com uma adesão brutalmente assustadora, e aí concordo. Apoio. E a TSU foi comer no cu. Agora greves sucedidas de greves? Comboios inexistentes vezes e vezes sem fim? Para quê? Para eu, que ganho mal e porcamente e pago 60 euros de passe ver a minha vida toda atravancada, ter de largar o miúdo uma hora mais cedo na escola, meter-me num trânsito absurdo e ainda gastar 10 euros de taxi para chegar três horas atrasada a um emprego que graças a deus ainda tenho? Eh pah, não. Não concordo. E mais urticária me provoca quando as praias estão cheias neste dia. Se um grevista deve ficar virado para  uma parede? Não. Mas tambem não acho que deva encher a lancheira, pegar na familia e ir curtir um dia de praia. É isto.

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