segunda-feira, 4 de maio de 2015

Deixar de fumar - take II

Eu sou incrivelmente ridícula no que toca a este ponto. Já tentei inúmeras vezes deixar de fumar, e todas elas sem sucesso. Isto porque, na minha cabeça, eu sou uma pessoa desmesuradamente infeliz sem o cigarro. E o processo de deixar de fumar, por si só, faz com que desate a fumar como se o mundo fosse acabar amanhã. E quando tento, berro ao mundo inteiro. Quando falho reforço a minha certeza de que sou incapaz de o fazer. E fico com vergonha de mim. Aliás, muito pior. Não fico. Mentalizo-me que é assim que sou, não vale a pena tentar, quem não gosta não olha etc e tal.
Estou numa fase da minha vida complicada. Graças a deus não são complicações sérias. Tenho dois filhos saudáveis, emprego, casa com jardim e um marido que amo desmedidamente. Mas depois tenho este feitio de cadela, não tolero as putas das noites que me têm assombrado, envolvo-me numa penumbra escura e depressiva em que passo o dia inteiro a arrastar-me sonhando com a noite, e quando esta chega tenho taquicardias por saber que não vou dormir o que preciso.
Esta minha onda sinistra de pensamento aplica-se em tudo. Porque sou completamente exagerada. Para o bom e para o mau. E aplica-se também ao deixar de fumar. O simples pensamento de deixar de fumar enche-me de horror. Quando ganho um pouco de coragem, imagino logo os bons momentos, em que vou estar ao sol, a beber uma míni e a fumar um cigarro, e os maus momentos, em que mandei 15 pontapés na parede as duas da manhã de sono e exaustão, e para não assassinar ninguém vou fumar um cigarro. E aqueles segundos que decidi que vou deixar de fumar já se foram na certeza que vai chegar o momento que eu não vou conseguir, seja ele ótimo, seja ele péssimo.
Isto para dizer que estou neste processo de mentalização.
Enviaram-me o pdf de um livro que promete um milagre: deixar de fumar não só é fácil como é maravilhoso (um grande bem haja Lourenço). Li o livro como fumo: à bruta, sem respirar, à espera do milagre. Hoje já decidi que vou deixar de fumar três vezes. E fui fumar a pensar nisso.
Acho que já é um começo. Este querer a sério, não só pelo dinheiro, ou pela saúde, mas porque quero ser diferente.
Vou recomeçar o livro de novo hoje, com mais calma.


Entretanto, vou fumando.

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