sexta-feira, 17 de julho de 2015

Eu sou uma pessoa exagerada. No que sinto, no que digo. Quem me conhece sabe que sou capaz de dizer as maiores barbaridades, principalmente no que toca à maternidade: ai que não me deixou dormir vou devolvê-lo à segurança social, ai que já pesa mais de dois quilos pode ficar no colégio militar, ai tu que tens saudades de bebes eu dou-te o meu de bom grado e vou buscá-lo quando completar os 18 anos. E muito mais que não digo porque não sei quem me lê e ainda fazem queixa de mim à proteção de menores.
Eu sofri muito nos meus dois pós parto. O chão fugiu-me debaixo dos pés naquele choro berrado e timbrado dos meus dois filhos. Eu optei por só dar de mamar mês e meio, porque me sentia sufocar naquela dependência só de mim para poderem comer. Eu sinto falta de, na minha caminhada de volta a casa, seguir em frente para a graça para finais de tarde descomprometidos e carregados de imperiais, em vez de virar na estação dos restauradores rumo a uma corrida extenuante para creches, birras, sopas e banhos. Peço tantas, mas tantas vezes que os meus filhos cresçam, que sejam independentes.
Mas aqui me confesso: 
O meu Manuel pequenino, o meu filho moreno e refilão, o meu sorriso com dente sim dente não, ditador das noites infernais, fez ontem um ano de vida. Um ano. E eu tive vontade de chorar com a inevitabilidade do tempo...

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