terça-feira, 17 de agosto de 2010

Sonhos de menina

Quando eu era pequenina tinha muitos sonhos. Não havia barreira para as minhas ambições. Queria poder escolher eu a minha roupa para poder usar sempre aquele vestido cor de rosa de roda, que tinha um laçarote nas costas. Queria ser eu a escolher os meus sapatos quando fosse às compras para comprar aqueles lindos envernizados, com um laçarote encarnado, iguaizinhos aos da branca de neve. Queria fechar todos os cabeleireiros, que praticamente me rapavam o cabelo no final do Verão "para ver se fica mais forte". Queria usar brincos enormes. Queria ser cantora. E queria ver a cara da Senhora do Vento.
Queria tudo. Mas a minha mãe e o meu pai não me deixavam. E eu lembro-me de invejar as minhas primas mais velhas que escolhiam os adereços das suas vidas, não davam satisfações para nada e pintavam a boca com batom para ir à rua.
Quando eu era pequenina desejava todas as noites e com todas as minhas forças ser crescida o mais rapidamente possível, porque aí sim, nada me impediria de ser feliz e linda como qualquer princesa que se preze.
Escrevo este texto porque há coisas que quero manter vivas na minha memória para sempre, do que é sonhar em criança. Coisas que os crescidos nunca conseguem ler. Já sou crescida. Já sou crescida. Já sou crescida. Mas lembro-me dos meus sonhos de menina.

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