sexta-feira, 27 de abril de 2012

Meu querido avô

Estás presente na minha memória desde sempre. És parte fulcral, uma das mais vincadas raízes que suporta o tronco que hoje me sustenta. Eras o abraço grande, o sorriso aluado, o companheiro crescido das fantasias de criança. Eras tu que me elevavas no ar, tu que me davas a maior moeda do teu bolso sempre que me caía um dente, tinha um mealheiro novo ou simplesmente queria uma pastilha… Eras tu que me levavas sempre ao quisque do jornal e me oferecias o que que eu quisesse, fosse livro de pintura, smurf com gomas ou lápis cor de rosa… foste tu também que incentivaste a minha sede de escrever, oferecendo-me o meu primeiro diário depois de recusado por todos… como me lembro dele, azul com uma  boneca sorridente, cadeado para ninguém me ler a alma e cheirinho a segredo de menina… Foste tu que me levaste na mais excêntrica viagem de barco à vela pela baía de Cascais, munidos apenas de bananas e pão (ração de marinheiro sempre disseste), robe de chambre e sandálias anti-peixe aranha. Sempre me carregaste o ego, tão mais do que merecia, sempre me mimaste sem receio do excesso. Ah meu querido avô, és imenso nessa tua sabedoria, és estrondoso na forma de amar… e hoje fazes 92 anos! Conto contigo outros 92! Parabéns!

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