sexta-feira, 13 de abril de 2012

Perfeição é não ser perfeita!


Fico danada da vida com hipocrisia... Talvez tambem tenha os meus momentos hipócritas e nem dê por isso, mas quanto o meu sensor dispara fico fodida...
A necessidade das pessoas fazerem das suas personalidades as mais fortes e múltiplas, fazerem das suas vidas um filme barato de domingo a tarde, em que tudo é passarinhos e relva e crianças vestidas de igual penteadas e sorridentes a fazerem biscoitos com a mãe (tambem esta depilada, pele hidratada, manicure em dia e toilete perfeita). Esta merda dá comigo em doida.
Amo de paixão a vida que tenho. Mesmo. Amo a minha familia, sou desvairada pelo meu nenuco, aquele pequeno milagre que aterrou de paraquedas na minha vida, arrebatando o melhor de mim, impulsionando um amor tão maior que tudo. Opa mas está longe de ser perfeita. A correria do dia a dia às vezes atropela-me, às vezes lança-me num corropio desvairado em que eu perco a noção de mim mesma. O trabalho, a casa, o miúdo e a constante gestão estou a "dar atenção a mais estou a dar atenção a menos", as sopas, a vida social que tem de ser encaixada em tudo isto. E não é facil. E há dias que me sinto tão cansada que tenho vontade de me atirar para o chão desmaida. Porque temos de ser profissionais perfeitas, mães perfeitas, mulheres perfeitas, amigas perfeitas, uma puta de uma perfeitção que não acaba mais. É aqui que entram os discursos que me arrepiam a espinha. Pessoas perfeitas com filhos perfeitos empregos perfeitos vidas perfeitas. Pessoas que têm tempo para a casa, bolinhos caseiros, roupa dos meninos engomada, promoções a toda a hora pela impecabilidade profissional, cãozinho escovado e desparasitado quinzenalmente, casa que nunca viu cotão.
Pois. Comigo é estranhissimo, devo ser eu, mas a roupa nunca está em dia, o jantar é feito à pressão, o meu Bujix, desgraçado, não é escovado há meses, o meu filho faz birras e tem noites que não me deixa dormir. A casa normalmente está caótica, encontro sempre uma nódoa de sopa ou papa na camisa, e com o cansaço por vezes deixo escapar um mail importante de trabalho. Eh pa... mas é tão boa. Porque depois de um dia cansativo, de uma birra monumental para vestir o pijama à criança, de ter queimado o jantar, e ter errado no trabalho, posso gozar deliciada o pequeno prazer de cagar para a panela queimada, enfiar uma pizza no forno, abrir uma garrafa de vinho branco e conversar com a minha alma gêmea em frente à lareira até não aguentarmos mais. Não é sempre possível, mas quando acontece vale por tudo. Pena dos perfeitos, juro, vivem no cinzento, com medo do preto e sempre aspirando pelo branco!

2 comentários:

  1. Sinto tão isso! Não tenho um nenuco, nem vivo com a minha alma gemea. Mas tenho muitas almas que são gêmeas da minha.
    E digo tantas vezes "esta merda deste trabalho"... Mas depois chego a casa e percebo que estas merdas é que me fazem feliz e me fazem sentir uma pessoa realizada.
    :)

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