quinta-feira, 5 de julho de 2012

Escutam-se as trivialidades da Vida. Moinha às vezes pesada do dia a dia que se repete. Chegar a casa, arejar os quartos, dar colo ao miúdo enquanto o despimos para o banho, lavar a banheira, fazer as camas, lavar as chávenas do pequeno almoço. Não chores bebé, atirei o pau ao gato-to-to, telefone que toca, favores pendentes, palavras perdidas. Correria, cansaço, correria.
Chega o marido, mais cedo que o previsto, lufada de ar fresco na casa, alívio, posso preparar as coisas sem ter de carregar o besnico na anca.
Miúdo na cama, sagres aberta, queijo e pão na mesa. Está tudo mal. Cabrão do Relvas, e este país? Impostos que sobem, empresas que fecham, talentos desperdiçados, ordenados fora horas. Medo da incógnita, do que lá vem, banhadas sucessivas de "e se's" que nunca mais acabam. Incerteza. Medo. Responsabilidade acrescida porque afinal, o miúdo dorme na cama, está ali, é real, é fruto de nós. Falamos noite dentro, matam-se angústias, confessam-se intimidades, pequenos medos, orgulhos feridos... Alívio. Já é noite. Temos 6 sagres vazias a nossa frente. Calamo-nos por uns segundos. Fecho os olhos... Ar fresco, cigarras e grilos, e lá ao fundo ouve-se o mar. Abro os olhos e é real este momento, estás ali ao meu lado, impões a tua presença na minha, somos um só, um projecto desenhado num miúdo que dorme no quarto. A vida é isto afinal. Pois é, respondes-me sem falar. E é tão boa...

4 comentários:

  1. querida ana rita, ainda bem que fiz do teu blog um dos "meus favoritos" no computador, porque és mesmo uma pessoa especial! beijos

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  2. Obrigada prima! nem imaginas como me deixas "vaidosa" :)

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  3. Lindo texto! Adorei! Beijinho
    Maria João

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