quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Ir ou ficar... FICAR

Diariamente somos bombardeados com noticias terríveis. Já aqui falei varias vezes da minha desistência quase absoluta de acompanhar o que se passa no mundo, e no meu piqueno Portugal mais especificamente. Um país que se afunda, ou vá, para os mais optimistas, que agora parou de cair a pique e ficou nos 3000 m de profundidade. Eba. Depois vieram as autárquicas, aquele fenómeno que ate às a eleições dá para ir gargalhando com o humor despropositado de campanhas feitas por amadores. Depois vota-se e lá temos um cabrão de um Isaltino, o melhor estereótipo do que se passa em Portugal, com corrupção e roubo a pintarem lhe o curriculum, a ser enaltecido tal e qual um Gandi. Logo depois tenho amigos próximos a passarem por situações que, em tempos de estudantes, julgámos impossíveis… ordenados em atraso, desemprego, contas para pagar acumuladas na mesa da entrada. E entretanto estamos a crescer, casámos e começámos a ter filhos. Há que dizer que a minha geração tem um par de tomates que tomaram muitos toiros… isto de ver a queda a pique, a falta de dinheiro, a instabilidade profissional que faz parte da nossa realidade, e ainda assim assentarmos e começarmos a procriar que nem doidos, é preciso coragem… hajam malucos como nós a garantir as reformas do amanhã, só por isso devíamos ter uma benesse qualquer, tipo desconto de 90% no IVA ou uma merda assim (coelho se me lês aponta aí esta). Adiante. O que acontece, inevitavelmente, é começarmos a ver os nossos melhores, cheios de garra e curriculum, a fazerem a malinha e a porem-se na alheta. Txau aí Portugal, cá vou eu para onde me reconheçam. Uma nova geração da gaiola dourada despoletou nos últimos anos, mas agora não somos sopeiras nem obreiros, vamos e vingamos lá fora de salto alto e fato e gravata. Muitas vezes, o pior, é que não é uma opção. Temos de ir e ponto final, e é ver nos no Dubai, Angola, Brasil… fico triste. A sério que fico. Tenho a certeza absoluta, que por mais que procuremos não existe coisa mai linda do que este país à beira mar plantado. E depois as nossas pessoas, que, é verdade, batem palminhas a cabrões como o Isaltino ou o grande nilas do Sócrates, mas epa, como o nosso povo não há… o espírito de vizinhança, as almoçaradas, o bom receber que nos caracteriza. E fico triste porque vejo neste ciclo um final para lá de horroroso. Os bons a basarem, e os que ficam a sobreviverem, muitas vezes a desistirem entrando no ritmo tuga do subsidio seguido de trabalho temporário, muitas vezes os dois ao mesmo tempo. Eu cá estou no meu cantinho, muito sossegadinha a ver se não chamo a atenção. Tenho o ordenado certo ao fim do mês, uma casa comprada com um CH especial, seguro de saúde, o puto na escola, ate tenho um cão. Chego ali a minha terriola e tapo os ouvidinhos, fecho os olhos e deito a língua de fora tal e qual os putos ‘NÃO VEJO NÃO OIÇO O AR É DE TODOS LALALAL’. Deus me livre de sair daqui. Adoro a minha jola a 80 centimos numa esplanada em cima do mar, adoro caracóis em tascos, comprar alface na praça e ser beijocada por aquelas velhas desdentadas. Adoro os nossos bolos, o senhor do café que já me conhece, traz-me o café cheio sem eu pedir e oferece uma guloseima ao salpico porque não fez birras à noite. Foda-se adoro esta merda juro. Por isso fecho mesmo com força os olhinhos, como faz o meu puto, convencida que por não ver também não me veem… mas a verdade e que rezo todos os dias para não ter que chegar ao dia em que fazemos as continhas à vida, e chegamos à conclusão que o melhor é bazar.

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