terça-feira, 15 de outubro de 2013

Das certezas...

Certezas na vida tenho cada vez menos… é engraçado ver o tempo a passar e notar aquelas certezas que nos invadem tão seguras a adolescência serem completamente aniquiladas. A sabedoria do tempo que passa recheia-nos apenas de duvidas… ora então que merda é esta, o que estamos de facto a aprender? Dá-me para isto às vezes, uma nostalgia profunda, um medo do incerto, do amanhã, o não saber nunca que raio de surpresa nos reservará a vida já ali ao virar da esquina. Hoje sei apenas o que me da o dia a dia. Sei que sou de facto tão mais segura de mim comparando-me com o tempo em que era certa de tanta coisa. Chego a casa todos os dias depois de um dia de trabalho, trago o meu filho na anca, que me abraça desmedidamente, lambendo-me de um amor que demonstra sem reservas. Sei que estou cansada mas há sempre tempo para o ouvir naquela fala disléxica de voz aguda, para me rir com as suas saídas geniais, de lhe ler uma historia e beijar-lhe cada cantinho daquele corpo gorducho que saiu de dentro de mim. Sei que tenho de lhe preparar o jantar, agora ele está grande, coloco lhe uma cadeira ao meu lado e ele lava a alface comigo. Pede me todos os dias arroz com cáni, aquilo e uma paixão por comer como nunca vi. Sei que adoro ouvir o portão a abrir, e ver chegar o meu marido, o homem que escolhi para meu companheiro e amante, pai daquilo que de melhor sai de mim. Gosto de o ver chegar, correr para o meu filho, ver aquelas brincadeiras malucas de pai e filho, numa intimidade só deles que eu não sei acompanhar. Sei isto apenas. O agora que me enche até a exaustão, não me sobra tempo nem estado de espírito para a tristeza, graças a deus. Mas tenho medo às vezes caraças. Tenho medo do incerto, tenho medo do virar dos segundos, do que pode ser quebrado neste meu agora tão cheio e cúmplice. Deita-se o salpico, sobra tempo agora para a conversa de adultos. Abrem se duas sagres, que isto é casal para entornar minis ate mais não, e falo lhe dos meus medos, falo lhe de como a cada segundo que passa há mais uma certeza que vai à vida, que o amo, meu deus, tão desmedidamente, que não me imagino sem ele, sem isto que construímos. E ele, tão mais sábio e calmo que eu dá-me a mão ouve-me, acalma-me, que sim, de facto que certezas teremos? Mas olha para isto, para este segundo que virou, para a vida que juntos construímos, olha para o hoje, que existe graças ao ontem, não é bom? O que interessa realmente o amanhã? Não. Realmente não interessa nada.

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