terça-feira, 22 de outubro de 2013

Parece que não mas tem tudo a ver

Perguntam-me, qual a grande diferença na tua vida desde que foste mãe? Esta até parece daquelas perguntas de rasteira daqueles exames filhos da puta dos tempos de faculdade em que as que errávamos descontavam no resultado final... e sim, este é um exercício quase impossível, o de nomear a graaande diferença em mim, na minha vida, desde que me estoirou um salpico na vida. Tudo começou na gravidez, logo uma prova de fogo à minha capacidade de amar o ainda invisível. Mais que esse amor, que já vinha testando na espécie de fé que habita em mim, foi a paciência... a capacidade de esperar (quem me conhece sabe que não sou pessoa dada a espera). Depois foi o choque, eh caraças que de repente conseguir lavar os dentes sem sair de escantilhão para socorrer um choro esfaimado virou o momento áureo do dia. A falta de tempo para mim aliada ao cansaço profundo das primeiras noites de um filho (no meu caso as primeiras noites foram cerca de 360, mais uma prova aqui para a amante do sono) foi de facto um estalo na fronha. Mas depois isto do tempo é de facto relativo, e num instante de pânico passa-se a paixão, assim numa velocidade estonteante. Ai que o menino sorri, e o refego benzadeus, vontade de te morder esses pés. O cheiro, o sorriso, as primeiras palavras. A vida encaixa-se nesta nova realidade de uma forma tão natural que quando damos por nós, oh diabo, que já não sei viver sem este meu pequeno ser infernal. Toda eu me derreto, toda eu me desmancho naqueles abraços, risinhos, vozinha estridente na birra e no 'amo mi mãe' que me diz meloso. E com este amor vem uma espécie de pânico miudinho. É este um estado de espirito que acompanha lado a lado este amor soberbo e tsunamico, um pânico miudinho que o miúdo sofra, que caia, que se magoe... é estupido, bem sei, todos nós sofremos e é aliás da dor que tiramos a maior parte das grandes lições de vida. Mas uma coisa é sermos nós a sofrer. Outra são os nossos filhos.
Isto tudo para vos dizer que, depois de muito matutar na grande diferença na minha vida, e vem ela regada com o tudo o que descrevo a cima, é que ganhei um medo que nunca tive. O medo de morrer, de deixar de ver aqueles refegos virarem corpo de homem, de não lhe acompanhar o crescimento, a primeira redação, a primeira bezana, a primeira queca (aqui não é acompanhar acompanhar, mas vocês percebem o que eu quero dizer). Pior. O ele passar por tudo isso e não se lembrar de mim, a desgraçada que o pariu e o ama assim para lá de desvairadamente.
Coisa meia mórbida esta, mas que me tem acompanhado alguns pensamentos, este pânico miudinho, ai jesus se eu lhe falto, quem o amará assim de corpo, alma e coração como eu?
Maneira que estou numa fase de bullets. Dar prioridade àquilo que é importante, redefinir novos hábitos, tornar-me, caramba, numa espécie de mulher saudável.
Mi aguardem.

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