quinta-feira, 13 de março de 2014

Estrelinhas e fadas dos dentes

Há uma estrelinha no céu que deve estar toda contente.


Sempre gostei da imagem reileónica de que as estrelas são as pessoas que amamos e estão lá em cima a piscar freneticamente para nós. Acho bonito, a sério que acho, fico só meia azamboada porque, ainda na linha infantilóide da coisa, as estrelas só aparecem de noite, pelo que de dia os mortos cagam para nós, tirando o morto que vive no sol que deve ser o Gandhi e gosta de todos.

Isto de crescer é mesmo complicado. Uma pessoa vai-se desfazendo de crenças e clichés, cria argumentos todos sustentados, lógicos e racionais, e de repente está todo fodido cheio de duvidas, angustias e sem acreditar em nada. Ou isso, ou então é-se preguiçoso intelectual como eu e não se pensa muito nas coisas para evitar crises existenciais.

De qualquer das formas quando é preciso todos nós conseguimos agarraramo-nos a fé, crenças ou mitos que nos dissipem a tristeza ou medo. Pelo menos eu. Quando o meu avô aviador resolveu levar metade do meu coração com ele para sempre fiz isso. Mentalizei-me com muita força que não há problema, não lhe sinto os abraços longos e apertados mas ele está com certeza a olhar por mim.

Por isso, invariavelmente, fico com uma espécie de soluço no peito, misturado com um sorriso orgulhoso, porque sei que o meu avô Manuel está todo inchado com o pequeno Manuel que cresce dentro de mim.

3 comentários:

  1. Querida Ana Rita! Este texto, sem saberes, foi escrito para mim! O meu Manel é meu pai em vez de meu avô! É a única diferença. Também tem abraços longos e apertados! E por isso tenho um Manel, e não contentes, o meu irmão tem outro! Um beijinho para o nosso céu!

    ps- e mais do que preguiçosa, sou uma comodista intelectual e muito mais feliz por ser assim !

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