quarta-feira, 23 de junho de 2010

Tudo começou...

Quando comecei este blog, o objectivo era voltar a um hábito que tive desde os 8 anos. Escrever. Escrever foi durante muito tempo a minha psicoterapia.
É engraçado ver como as palavras escorriam a uma velocidade estonteante sempre que me sentia triste. Escrevia textos alucinantes, em tons de desabafo, principalmente na minha adolescência que foi regada por uma depressão grave.
A Paixão platónica e impossível, que devia a sua intensidade apenas ao impossível... A quase anorexia histérica resultante de uma solidão atroz e uma autoestima perdida no tempo. E assim, bêbeda de uma dor egocentrica, eu sentava-me à noite e escrevia, escrevia, tal qual alcoólico bebe num bar às 3 da manhã. E sei que os meus textos eram realmente bons. Porque sei que a dor traz consigo uma profundidade que dificilmente se alcança quando se é feliz.
E foi precisamente por isso que deixei de escrever. Porque derepente vi-me cheia de coisas novas e boa, ao lado de um homem ao qual me rendi desesperadamente num acto de fome de amor. E apaixonei-me, desta vez a sério. E entreguei-me por inteiro, sem medo, sem pudor, sem se não.
Não havia palavras para escrever, não havia tempo para pensar, centrei-me pela primeira vez em viver.
Durante muito tempo não pensei no assunto. Cheguei a achar que a felicidade tinha roubado o espaço à inspiração. E à dita profundidade que só se alcança quando infeliz.
Até ao dia que descobri o maravilhoso mundo dos blogs. E o bichinho de deitar cá para fora o que não se diz ao vivo voltou a morder. Só que agora sou diferente. Até porque já sou mulher. Até porque já sei mais ou menos quem sou. Principalmente porque amo e sou, de facto, amada, e bem amada.
Por isso escrevo só e apenas porque sim.

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