segunda-feira, 23 de março de 2015

Tenho de endireitar as costas. Ombros para trás, queixo para cima.
Eu sou dramática. Sou, é assim mesmo, o meu filho mais velho sai a mim, se está feliz gargalha com a alma, se fica triste o mundo vem abaixo numa cascata de lágrimas sentidas e pesadas. Eu não choro nem rio dessa forma. Mas a alma, o que sinto, transborda, é horrível e ótimo. É horrível porque, por ser assim, não consigo relativizar as coisas, dar-lhes uma dimensão real. Ou melhor, consigo, mas só depois de passarem.
Sinto-me cansada, tão mas tão cansada. Não durmo, não paro, corro o dia inteiro, corro a noite inteira. Saio do meu papel de mãe para o de profissional corro para o de mulher, volto ao de mãe, não paro, transpiro por dentro, sinto-me tão mas tão cansada. E pior, sinto que nesta correria, deixo tudo a meio. Não sou boa mãe. Não sou boa mulher. Não sou boa amiga nem se quer boa profissional. Também não sou má. Mas, foda-se, sinto que não sou boa em nada.
E por isso corro, e corro, fecha a cortina, abre a cortina, e eu a correr sem nunca chegar a porra de meta nenhuma. De ombro encurvados, física e moralmente.

Tenho mesmo de endireitar as costas. Ombros para trás, queixo para cima. 

Sem comentários:

Enviar um comentário