segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Medo

Sábado de manhã acordei às seis e picos com o mais novo. Levantei-me ainda de noite, tirei-o da cama, mudei-lhe a fralda e beijei o mais velho que entretanto acordou. Sentei-os na sala, cada um com o seu leite quentinho e fui fazer o meu balde de café. Sentei-me lá fora já a amanhecer. Onde moro, nesta altura do ano cheira sempre a terra húmida e lenha queimada. Acendi um cigarro e abri o facebook.
Fechei-o instantaneamente ao terceiro post. Voltei para dentro e cheirei os meus filhos que já discutiam na sala. Sentei-me entre eles, e apertei-os como se os quisesse voltar a meter dentro de mim, oh mãe já cheeeeeeega. Não chega. Não vai chegar nunca porque o terror que se passa lá fora, neste mundo onde vos pus, enche-me de pavor, de horror. 
Como se luta contra isto? A possibilidade de algo lhes acontecer, por mais ínfima que seja, é a única altura que me faz arrepender de ter tomado a decisão de ser mãe. Porque quando vos tive não fui eu que virei mãe. Foram vocês que se tornaram pessoas e me tornaram a mim tão vulnerável ao medo constante da queda, do charro, da bomba.
Que mundo é este?...

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