segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Natal

Passou-se mais um natal. O quarto desde que sou mãe, o segundo desde que sou mãe de dois, o que torna o reboliço típico da época digamos... desafiante. Encosto a cabeça no vidro do comboio, chove lá fora e a paisagem é deprimente. Venho com o corpo ainda entorpecido, ressacado, sovado das corridas atrás de um abdul amoroso e suicida com queijo na serra numa mão e um copo de vinho na outra. Dois dias de maratona de costas, pernas e estômago.
Voltar à rotina depois do êxtase é um bocado deprimente. As luzes que ainda piscam nas janelas e nas ruas já estão fora de prazo, a alma está enjoada de tanta fartura.
Apetece-me fechar os olhos e dormir. Fecho os olhos mas não durmo, nunca consego dormir no comboio, por mais exausta que esteja. Não durmo mas lembro-me da alegria dia meus filhos com as coisas mais simples. O salpico adorou uma cena para fazer bolas de sabão gigantes e uma mega caixa de cartão que é mesmo só isso, uma caixa de cartão. Mas ele cabe lá dentro e por isso passa a ser uma casa,um foguetão, um tornado que o leva ao Japão. O abdul adora por soro na penca. É de se comer ri-se todo e põe-se a jeito para o jacto furioso penca a cima para lhe limpar futuras bronquiolites. Acho que também foi o que mais gostou no natal, ter o nariz limpo de meia em meia hora que eu sou obcecada com doenças. Cagaram os dois na cenas relativamente caras que lhes demos, hoje em dia com tanto custo, e toma lá para aprenderes, natal é amor e sorrisos, quem te manda ser consumista? Enfim, lição aprendida por 11 meses, novembro que vem lá cometeremos o mesmo pecado de não lhes dar apenas o que os faz sorrir. Soro para o abdul, caixas de cartão para o salpico.

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