sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Reapaixonada

Ás vezes ponho-me a pensar em questões altamente profundas (por norma a ouvir chopin, tipo intelectualoide suburbana, no comboio, vejo os subúrbios tristes e cinzentos, as pessoas cansadas e com pressa). 
Vejo com alguma nostalgia que a norma não é a alegria, e isso aflige-me, não por mim, que até consigo perceber o sublime do triste, mas porque achei que devia meter duas pessoas neste mundo. Ainda por cima, vejam-me bem o azar, calhou-me ser a mãe das duas pessoas mais importantes do universo, e eu para eles não espero mais do que felicidade assim tipo todos os microsegundos da vida deles. 
Enfim, lá está o meu útero à estalada com o meu cérebro, não vinha para aqui falar dos meus (absolutamente espetaculares e fenomenais) filhos. Vinhas antes tentar meter em palavras uma coisa que senti há bocadinho quando fechei os olhos num pequeno excerto de música logo após passar a ic19, isto num fim de tarde tragicamente cinzento. Vinha tentar fazer-vos advinhar este soluço que não sai, conseguem ver? Não?
Sou eu, reapaixonada. Pela minha casa, pela minha pessoa, pelos meus amigos, pelos churrascos com imperiais, pelo meu adónis em vésperas de dia dos namorados. 
Isto é lixado, isto leia-se a fórmula da felicidade. Os dias repetem-se, nós queixamo-nos porque não há dinheiro, há cansaço, está a chover, enfim, porque sim. E o tempo passa sabem? Por isso, é estar atento, estas coisas boas vêm de fininho, assim de surra, a música é linda e mexe cá dentro, o almoço sabe-nos particularmente bem, o telefonema da manhã com o marido foi especial. Se não somos inteligentes... Mentira, não é inteligentes, a inteligência às vezes é triste como a merda. Se não somos agradecidos, estes momentos são esborrachados pelo dia a dia, que passa igual a ontem e ao amanhã. E assim quebro a norma, só um bocadinho, e não sou triste. Sou momentaneamente incrivelmente sortuda e reapaixonada.

(Foda -se passei a estação, estou atrasada, tenho de correr mais ainda. Merda.)

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