quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Caracol de casa às costas

Mudei de casa no espaço de 1 ano 2 vezes.
O meu primeiro cafofo tinha pouco mais de 20m2, com direito a sala, quarto, cozinha, casa de banho, e um fabuloso jardim (sim jardim, não é quintal meus parolos!). Em pleno coração da Graça, o meu 1º cafofo testemulhou a minha saída de casa do pai, a convivência em pecado com o meu deus grego, e o meu primeiro ano de casada (obviamente com o deus grego também). A-MEI o meu cafofo. O meu 1º cafofo tinha um ratinho com não mais de 3 mm de comprimento e 2mm de altura (juro, passava de baixo das portas!), o meu Rufus, que passeava alegremente entre mansão e jardim. O meu deus grego teve variadíssimas hipóteses de o esmagar com uma vassoura, mas ele tinha um ar tão cuthi cuthi que não deixei.
O meu 1º cafofo tinha 1 parede da sala pintada a cor de morango esponjada. Amei de paixão o meu primeiro cafofo, apesar de, sempre que me queria vestir, o meu deus grego ter de sair do quarto por não cabermos lá os dois. E foi por isso que mudamos, num acto de desespero por espaço, para o nosso segundo cafofo.
Uau. Na sala cabiam dois sofás. Tinhamos um closet (juro). A cozinha era mega monstra com direito a forno e gaz natural e tudo. É semi cave mas caga nisso, bora lá para a mansão! Primeira semana erradiavamos felicidade. Se eu estivesse na casa de banho a maquear-me e tentasse chamar o meu deus grego que, suponhamos, estava no quarto, ele não me ouvia! Tinhamos banheira grande para banhos de imersão, e usamos e abusamos de pratos no forno! Mas então começamos a reparar que para vermos um palmo à frente da fronha dentro de casa, independentemente de serem 3 da tarde em pleno Verão, tinhamos de acender a luz. E mais. Tinhamos uma família tuga a viver na parte da frente a nossa casa (a 50 cm da nossa janela), a única que não era cave, uns monstros esteoripados tugas. Ele era "vai pó caralho meu ganda filhodaputa" para uma criança com não mais de dois anos, ele era "ai à mérdá pá!! ÓLHÓ comer na mesa, foda-se!!", tudo em versão altifalante, como se estivessem a dialogar sentadinhos no meu sofá de 800 euros da Área.
Uma tristeza tipo moinha instalou-se no casal brasa. Mas não podiamos assumir, porque tinhamos divulgado aos 7 mundos que já viviamos em casa de gente crescida com direito a banheira e tudo. Até que um dia, dormia eu enroscadinha no meu peluche (sim, peluche, e caluda que tá podre mas é meu), enquanto o meu deus grego lia um livro deitado sobre os lençois, como Deus o pôs no mundo. O maridão ouve barulho na sala. Gatos, pensou, e lá vai ele, nuzinho da silva, apenas com o seu livrinho na mão para fazer "xôxô" o referido gato.
"BÁZÁDAQUIBÁZÁDAQUI!!!" TUM! Porta que bate. Eu acordo abananda, marido entra desvairado no quarto a botar do boxer "Tá um gajo em nossa casa!!!"
Medo. O gajo fugiu com a nossa máquina fotográfica nova em punho, a nossa casa foi invadida por PJ's ainda mais assustadores que os ladrões mais um"sô agente" que falava axim e dizia furto e indibiduo em cada meia palavra.
"Brasa tá-se mal, bora procurar casa?"
"Ufa tava a ver que não falavamos disto, bora, esta merda é sinistra!"
Moramos 8 meses no cafofo/palacete versão nocturna e assaltada, e então.... Encontramos "A" casa.
(to be continued um dia destes, obviamente, se me der na real mona!)

2 comentários:

  1. Meu Deus, saltei literalmente do sofá quando li que tinhas um " indibidu" estranho em tua casa! Credo!
    Espero que já tenhas encontrado a
    " casa" dos teus sonhos e de preferência sem bimbos rosqueiros num raio de 3 kilómetros!

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  2. Eu gostei da preocupação de ir vestir os boxers, quando tinha um assaltante em casa. Rebolei a rir.

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