segunda-feira, 26 de abril de 2010

Navegando no imaginário (I)

Ela olhava, lambuzando um chupa-chupa cor de rosa choque, amarelo, azul e verde alface. A brisa massajou-lhe a saia, rodada, cheia de piriquitos.
O chupa era mesmo bom... Sabia a algodão doce... Quando acabar, peço outro ao 'vô. Pensava ela para si, enquanto olhava.
A cena era a mesma de ontem, anteontem, e antes de anteontem. O senhor das facas assobiando em histerismo lá fora. A vizinha do 2º com cara de buldog idoso, a passear o seu buldog com cara de senhora idosa.
A música era sempre alta. Sempre o foi naquele palácio escondido. Mas ela já estava habituada.
E então o estrondo. O grito. O bate porta.
A mãe sai de casa disparada. O pai tranca-se no quarto.
Este chupa é mesmo bom - pensa ela para si mesma. Sabia a algodão doce, e de certeza que o 'vô lhe daria quantos mais quisesse.

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