quarta-feira, 28 de abril de 2010

Navegando no imaginário (II)

Sempre foi vaidosa. De mais. O seu sonho era ser princesa. Aos fins de semana, em casa dos avós, perdia-se no campo, seguindos pistas imaginárias para um castelo encantado, um castelo que só ela conseguiria ver, proferindo as palavras mágicas e batendo os calcanhares 13 vezes. E lá dentro estaria um príncepe num cavalo. E a sua roupa de fim de semana transformar-se-ia num vestido rodado, cheio de brilhantes. E o seu cabelo cresceria até ao rabo. Loiro. Brilhante. Com uma coroa de rosas.
E cantava muito. Músicas inventadas. Carregadas de sonhos açucarados. Com passarinhos bebés. E pintainhos porque ela adorava pintainhos.
- Mãe hoje a senhora do vento disse que eu ia ser muito feliz...
A mãe desvia os olhos do livro e olha-a com ternura sorrindo.
- Ela disse-me, mãe, que eu vou ser cantora e o meu príncepe me vai dar flores todos os dias. E anéis também, porque tu não me deixas usar anéis.
- Minha querida... O mundo está aos teus pés... E é todo teu! Agora deixa a mãe ler, está bem? Vai brincar lá para fora.
E ela foi, rodando a sua saia de piriquitos. Ela amava a saia dos piriquitos.

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