segunda-feira, 17 de maio de 2010

Lei do mais feliz

Nos dias que vivemos existe uma cultura ao riso. Passamos da lei do mais forte para a lei do mais feliz. Está estampado em 10001 outdoors, passa de 12 em 12 minutos na televisão, em cada série, em cada anuncio, em cada filme.
Temos de ser bem sucedidos, temos de passar férias no exterior, temos de ter quarto de visitas em casa, lareira, cozinha equipada, colégio a cima dos 500 euros mensais para as crianças. Temos de ser magros, bonitos, bem vestidos, cultos e interessantes. Temos de transbordar alegria, saúde e bem estar.
Começa a fazer falta uma homenagem ao triste. O direito à lágrima. O tempo para sentir. O preconceito contra a tristeza inunda a nossa vivência, e de repente perdemos todos o direito a chorar sem recebermos de imediato a etiqueta de "depressivos". A tristeza é a lepra dos meus dias.
Mas eu continuo a achar que só pode ser verdadeiramente feliz quem já sentiu a tristeza. Só podemos saborear de forma plena o sorriso, se nos dermos o direito a chorar quando preciso. Se não rir não sabe a nada. Aliás, sabe. Sabe a lágrima entalada.

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